Alguém deve ter visto, na Band, a notícia que Boechat acaba de comentar. Não tenho os dados precisos, pois apenas ouvi. Mas o núcleo da notícia aí vai: Um bando de pessoas generosas, profissionais da saúde física e mental, darão assistência gratuita a pessoas gays de ambos os sexos “para ajudá-los a deixar de ser gays” (estas palavras são textuais).

Certamente amanhã, ou hoje mesmo, teremos a notícia escrita com todas as letras e detalhes. E a polêmica estará formada. Esses profissionais certamente não são apenas generosos, mas são muito corajosos. No ponto de abertura a que chegamos, essa idéia é realmente muito maluca e quem a teve é que deve ter tratamento garantido.

Se essa moda pega, não poderemos medir o retrocesso no processo de libertação a que chegamos. A gente sabe que muita gente acha que a homossexualidade é doença. Mas agora o “gayzismo” é posto a público de forma até hilária. Acho que isso é o mesmo que me darem assistência de graça para que eu deixe de ser hétero e seja lésbica. (Olha, até não acho má idéia, se a profissional for uma boa cabeça (será isso possível?), posso até pensar no caso e dar uma bicada no “time oposto”, pois uma experiência dessas eu suponho ser maravilhosa pela sensibilidade especial da mulher e também por achar que meu currículo amoroso fica prejudicado com a falta dessa experiência...)

Mas, voltando a falar sério e bem sério: essa notícia me preocupou, não por causa dos gays, que a maioria desses estão conscientes de sua orientação e a assumem, mas pelo nível dos profissionais que se disponham a fazer isso. Em teoria, espero desses profissionais uma postura aberta para os casos que caem em suas mãos. Se o assunto sai em consultório, até admito que o profissional dê sua opinião, pois isso é uma questão de respeito mútuo entre profissional e cliente. Mas daí a instituir um trabalho com essa finalidade publicamente declarada? Não, não entendo e lamento muito.

E, por falar em respeito, onde anda ele? Onde anda a tão sonhada liberdade? Já não temos liberdade nas ruas e até em nossas casas que a qualquer momento pode ser invadida pela violência, não a teremos também em nossos quartos, em nossos ninhos de amor e de prazer? E onde fica nossa consciência diante de tão aberrante preconceito? E ainda queremos melhorar o mundo? Qual seria o próximo passo: seria a homofobia a terrível solução a ser apresentada?

Para mim, a orientação sexual de cada um é uma questão de foro íntimo. Como o é qualquer crença ou descrença que escolhamos.

Aguardemos a polêmica. Tenho um palpite de que essa vai esquentar de fato. Quem me lê, prepare suas armas. E tenho certeza de que a liberdade vencerá. Ou estarei enganada?...

LEIAM O POEMA:
LIBERTAÇÃO

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