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Contos-->RAPTO NA ESCOLA -- 14/05/2001 - 16:51 (Gabriel de Sousa) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Hoje não faço mais nada - disse Carlos Sarmento ao seu secretário, enquanto marcava o número de telefone do internato onde estava o filho.
- Está ? Aqui Dr. Carlos Sarmento. Posso falar com o Sr. Director ?
- Sim, sou eu.
- Ah ! Dr. Castro, como está ? E o António José ? Telefono-lhe porque não poderei como é hábito ir buscar o meu filho amanhã. Tenho um almoço de negócios muito importante. Um amigo meu, Engenheiro Moura, irá em meu lugar entre a uma e meia e as duas. Prazer em ouvi-lo. Boa noite, Sr. Director e até para a semana .
Ao desligar, pensava já nos assuntos a tratar no dia seguinte. Carlos Sarmento era Director dum banco. Financeiro importante, viúvo, com pais e sogros pouco cooperantes, o seu tempo valia ouro. Dinâmico e enérgico, era estimado por todos, não se lhe conhecendo inimigos.
- Até segunda-feira, Sr. Director e um bom fim de semana, - disse com respeito o seu secretário.

Alfredo Roque, alto e magro, apresentava sempre um ar cansado, andava com os ombros descaídos, as pálpebras semicerradas e um ar resignado. Sua mulher, doente e queixando-se continuamente, fazia com que o seu lar parecesse um autêntico inferno e não o local de repouso que tanto desejava. Além de tudo, não era nada económica e queixava-se frequentes vezes dele ganhar pouco. Profissionalmente, ele era bastante competente e o seu director podia contar com ele em todas as circunstâncias. Compreendia tudo com facilidade, tinha uma memória privilegiada , dava no momento oportuno qualquer informação e encontrava sempre o documento que se lhe pedia.

No dia seguinte, cerca da uma e meia da tarde, um grande automóvel preto entrou no pátio do internato. Uma impressão de calma desprendia-se do conjunto formado pelos edifícios da escola e pelas árvores de aspecto centenário. O condutor dirigiu-se a uma porta e tocou. Uma empregada veio abrir.
- Sou o Engenheiro Moura, venho buscar o António José Sarmento, como combinado.
- O António José ? Mas ele já partiu há mais de cinco minutos !
- Como ? – balbuciou – Partiu ? Já ?
Admirada, a empregada olhou-o, como se a cara do seu interlocutor lhe pudesse dar uma explicação para a estranha resposta. Bruscamente, ela percebeu e precipitou-se para um telefone interno .
- Sr. Director, Sr. Director ! Julgo que o pequeno António José foi raptado !
- Então o que é isso ? Bem sabe que ele partiu com o Engenheiro Moura ...
- Mas o Sr. Engenheiro só agora chegou e vinha buscá-lo ...
- Como ? Vou já aí !
Instantes depois, dirigiu-se para aquele cuja silhueta se recortava na entrada da escola. Alto e ainda relativamente jovem, com óculos de aros bastante grossos, o Dr. Castro era o género de pessoa que inspira confiança logo à primeira vista. Via-se que era uma pessoa recta e perfeitamente equilibrada. Estas qualidades tinham assegurado aliás a boa fama de que gozava o internato, um dos melhores (e mais caros) do País.
- Mas isto é inacreditável, Engenheiro Moura, vou imediatamente avisar a polícia, um rapto no meu Internato. Não é possível !
- Não se dê a esse trabalho, respondeu com vivacidade o outro. E com voz angustiada, acrescentou : - Eu meto-me já no carro e vou apresentar queixa. Os amigos são para as ocasiões. Avisá-lo-ei se souber alguma coisa . - Até logo! Acabrunhado, o Dr. Castro decidiu-se a fazer o inevitável. Telefonou para o Banco.
- Fala o porteiro. O banco está fechado ao sábado.
- Oiça, é necessário que eu fale urgentemente ao Sr. Director. Não me poderia dizer onde ele está ?
- Provavelmente em casa.
- Bom, obrigado, eu sei o número.
Esta pequena conversa tinha-lhe permitido recuperar um pouco mais de calma. Ligou então para casa dele.
- Fala Dr. Castro, Director do Internato do António José. Pode chamar-me o Dr. Sarmento ?
- O senhor Dr. está numa reunião e proibiu-me de o incomodar.
- Mas é um recado urgente. Diga-lhe que se trata do filho.
- Bem ... Se se trata do filho ...
Instantes depois :
- Bom dia, Sr. Director. Quer falar-me do meu filho ? Espero que não lhe tenha acontecido nada !
- Infelizmente ! Nem posso acreditar. O António José foi raptado !
- Como disse ? Raptado ?
- Sim, sim. O Engenheiro Moura saiu mesmo agora para avisar a polícia.
- Mas tem a certeza ? Trata-se mesmo dum rapto ?
Nesse momento, pequenos passos bem conhecidos fizeram-se ouvir no hall de entrada e a porta do escritório abriu-se. - Paizinho ... Viemos muito depressa, mais depressa que todos os outros, ultrapassámos todos os automóveis. Foi muito divertido, tão divertido que estou triste por já termos chegado.
- O Tózé já gosta tanto de velocidades, como tu ! - disse aquele que acompanhava a criança. Aturdido, o banqueiro ouvia tudo sem compreender. Depois, apercebendo-se que continuava com o telefone na mão, disse : - Bem Sr. Director, o António José acaba de chegar com o Engenheiro Moura ...
- O quê ? Não percebo ... Mas não estou louco! Estou contente claro ... mas ...
- Contar-me-á o que se passou no próximo sábado. Adeus Sr. Director.

Entretanto, o carro de cor preta, depois de sair da escola, obliquara à esquerda, meteu-se por um caminho particular e parou em frente duma vivenda isolada.
Dois homens, dissimulados atrás duma barreira de arbustos, avançaram para ele. O condutor continuava sentado ao volante, fatigado demais para sair. Eles olharam para o interior do carro.
- Então, onde está o miúdo ?
- Tudo perdido ! Vieram buscá-lo antes da hora – respondeu Alfredo Roque. O meu director tinha dito entre a uma e meia e as duas ... Afinal ...

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