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Artigos-->Valha-me Deus! -- 10/02/2003 - 11:17 (Carlos Luiz de Jesus Pompe) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Pesquisas indicam o aumento das crenças religiosas. Nas emissoras de rádio e TV as programações místicas invadem todos os horários. Nos jornais, as sessões de horóscopo ampliam espaços e articulistas são chamados para tratar do mundo dos espíritos com pretensos conhecimentos eruditos a respeito.

Na Austrália, mais de 70 mil pessoas se dizem seguidores da fé jedi, a religião criada nos filmes da série Star Wars. Um censo recém-realizado no país mostrou que uma em cada 270 pessoas ouvidas -

o equivalente a 0,37% da população do país - diz acreditar na "força", a energia que dá poderes especiais aos cavaleiros Luke Skywalker, Obi Wan Kenobi e Yoda. Um total de 70.509 pessoas marcaram "jedi" nos seus formulários quando indagadas quanto à sua religião.

Em 2001, uma mensagem eletrônica afirmou que, caso 10 mil pessoas se dissessem seguidoras da fé jedi, ela seria reconhecida como uma religião oficial. Autoridades do censo britânico chegaram a incluir a Jedi como uma das religiões britânicas. Chris Brennan, presidente da organização de fãs Australian Star Wars Appreciation Society, diz que "entre as 70 mil pessoas ouvidas, provavelmente só 5 mil são seguidoras "linha-dura" da religião jedi".

Na Escócia, a Capela de Rosslyn, de 650 anos, está oferecendo um serviço de orações via Internet. Uma vez por dia, os padres, nos arredores de Edimburgo, imprimem as mensagens recebidas e as oferecem, em seguida, a Deus. Os duendes medievais voltaram, aproveitando a manipulação irresponsável das justas reivindicações ecológicas que a humanidade postula. "Adoradores do Diabo" voltam a pontificar - vez por outra uma cerimônia macabra é denunciada pelos meios de comunicação.

Não há como dissociar esses acontecimentos da grave crise que afeta o mundo capitalista e a falta de perspectiva concreta de construção de uma alternativa, após a queda do socialismo. As classes dominantes investem pesado na onda mística.



Contra o misticismo



Mas nem sempre foi assim. Quando a burguesia lutava contra o feudalismo - que tinha no misticismo um ponto de apoio crucial -, seus ideólogos bateram-se bravamente pelo primado da matéria sobre o espírito. Dito de outra forma: reconheciam que a matéria é anterior à idéia que dela se faz. Houve uma batalha histórica contra a não-razão (o absolutismo feudal).

O auge do pensamento burguês deu-se, então, com Friedrich Hegel (1770 - 1831) que, mesmo eivado de idealismo filosófico, abordou o mundo material de forma jamais vista e revigorou a dialética como método de conhecimento. Por trás de Hegel estava a trajetória da classe que "enfraqueceu o poder da nobreza feudal e fundou as grandes monarquias, baseadas essencialmente no conceito de nacionalidade. Sob esse regime, alcançaram grande desenvolvimento as modernas nações européias e a moderna sociedade burguesa", como narrou Friedrich Engels no seu A dialética da natureza (1882).

A partir das revoluções ocorridas na Europa em 1830 e 1848, o combate da burguesia contra as sobrevivências do feudalismo está findo e a nova classe no poder passa a defender-se do seu antípoda, o proletariado. A própria filosofia hegeliana é deixada de lado. Seu método dialético, abandonado. Mas Karl Marx e Engels o recuperam e o colocam sobre fundamentos materialistas.

Consolidada no poder, a burguesia enfrenta as conseqüências inevitáveis de seu modo de produção. As crises sucedem-se. A lógica terrível do próprio sistema leva à formação de monopólios que estendem seus domínios por todo o planeta. O capitalismo entra em nova fase, imperialista, que até hoje perdura. Começa a se defrontar com algumas de suas criações, como o Estado nacional. Duas guerras mundiais no século passado e as atuais constantes investidas contra a soberania dos países são sintomas deste movimento.

Triunfante e dominante em todos os continentes, o capitalismo traz consigo seu lado monstruoso, com a miséria extrema das massas, o desemprego em propagação, a fome em escala jamais vista. Como responder à falta de perspectiva de camadas cada vez mais amplas e descontentes da população? Como narcotizar tantas mentes? Como impedir que tanta revolta contida seja novamente direcionada para a construção de uma sociedade diferente, onde "o homem não seja o lobo do homem" - a sociedade socialista?

Como garantir a passividade dos explorados até que um distante "Juízo Final" venha finalmente liberá-los de uma existência cruel no inferno capitalista? O misticismo exacerbado atende a essa necessidade. A depender da vontade do capitalismo, "por séculos e séculos, Amén".

Leia também Um vício pré-histórico.

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