Uma reflexão sobre o ódio e a liberdade.
Daniel
"O fato da perda da liberdade gerar tanto ódio indica quanto ela é essencial para o ser humano. Quem precisou renunciar a ela, quando não podia reagir, cedendo uma parcela do seu direito de existir como sujeito, aceita apenas superficialmente essa condição.
Algo, porém, surgiu, preenchendo o vácuo - o ódio e o ressentimento contra aqueles que forçaram-no à renúncia da liberdade.
Em geral, esse ódio está em proporção direta com o grau de existência como indivíduo que foi arrebatado.
Como exemplo, vejamos os governos totalitários, que fornecem ao povo um objeto de ódio, sentimento gerado pelo pela suspensão da liberdade. Os judeus foram o "bode expiatório" de Hitler. Outros regimes totalitários orientam o ódio existente entre o povo contra as "nações inimigas".
Quando um governo resolve tirar a liberdade do povo tem que orientar sua agressividade contra grupos externos, pois do contrário ele se revoltaria, ou surgiria uma psicose coletiva, ou ainda as pessoas se tornariam "mortas", inertes sob de vista psicológico e, portanto, inúteis como indivíduos.
Isso não significa, naturalmente, que o ódio e o ressentimento sejam em si sentimentos louváveis, ou que a característica de uma pessoa sadia seja sua capacidade de odiar. Nem que a finalidade da evolução seja cada qual odiar seus pais, ou as autoridades.
Ódio e ressentimento são emoções destrutivas e é sinal de maturidade transformá-las em emoções construtivas.
Mas o fato de que ser humano prefere destruir algo - ou até a si mesmo, no final das contas - a renunciar à própria liberdade prova quanto esta é importante para ele."
Rollo May
(Teólogo e Ph.D. em psicologia clínica)
"O homem à procura de si mesmo"
Abraços fraternos,
Daniel
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