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Poesias-->Sina -- 13/05/2001 - 20:19 (Magno Antonio Correia de Mello) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
I





Pulsas em mim como um marcapassozinho desorientado.

Atravessam meus dias vesgos

Os raios de sol vindos da tua pele:

Labirintos de uma existência sem rumo,

Arcas à deriva no dilúvio sem fim.





II





Procuro a paz no deserto.

Acredito na luz da estrela guia

Obedeço à garra dos camelos.

Lento, se esvai meu corpo

Ao som moroso da caminhada.





III





Perceber nos teus olhos

As sombras feias dos meus.

Ouvir dos teus lábios,

Lábios infinitos como um Deus,

A amargura dos meus.





IV





Promove-se a morte de sonhos impossíveis.

Atiram-se meteoros no planeta indefeso.

Oferecem-se conselhos a carrascos surdos.

Leva-se desespero a corações solitários.

Aguardam-se chamadas.





V





Passos perto da porta

Atrapalharam o crime perfeito.

O macho, exausto, suado,

Lavou as mãos, beijou a fêmea.

Ainda se amavam.





VI





Pelos cacos do espelho velho,

A velha senhora

Orgulha-se de si mesma.

Lá fora, a vida se dana,

A vida passa.





VII





Pêndulo.

A bomba de pétalas atônitas,

Oculta primavera em que o delírio se liberta,

Liberta-se delírio, que em primavera oculta

Atônitas pétalas de bomba A.





VIII





Paisagem invertida,

Artífice de planos inexecutáveis,

Origem de poemas estranhos,

Lenda que não se explicará,

Amor.





IX





Protegidas dos ventos e das tempestades,

As mágoas habitam-me o peito:

Opaco espaço ocupado por teu corpo,

Leproso currupaco de papagaio culpado

A imitar tontamente tortos estampidos de torpor.





X





Parte de mim desapareceu há anos.

Acordo junto a ela e ela não está ao meu lado.

Ouço-lhe a voz na angústia dos silêncios.

Leio as páginas em branco da sua ausência.

Apóio-me no seu vácuo pra não desabar.





XI





Polinha, teu sorriso meigo

Alarga meu coração.

Oh, Polinha, não agüento mais não:

Linda como um balãozinho,

Ai! vem logo cair na minha mão!...





XII





Presença tua, inda que distante,

Ameniza meus ombros sôfregos

Orienta meus passos bêbados

Lateja minhas veias bambas

Adormece meu peito exausto.





XIII





Porque na tua ausência

A minha voz desmorona.

O que resta de mim, versos

Lacerados, palavras dec

Apitadas, lembranças.





XIV





Pedras se atirando sobre mim.

Acusações gritando-me aos dedos.

Odores fétidos no meu corpo.

Larvas aguardando com desdém

A carne ruim que o concreto esconderá sob os rochedos.





XV





Palhaço de um circo em ruínas,

As horas passas só e despedaçado.

O impossível passo que à eternidade legarias

Legou apenas sobras ao teu peito gelado:

Assombrações, saudades, passado.





XVI





Pronto pra partir,

Arqueou os ombros,

Olhou em volta,

Largou a filha,

Abriu a porta, saiu.





XVII





Parágrafo. Estamos diante de vírgulas,

Abobalhados, perplexos.

Organizam-se, conspiram travessões, enquanto

Loucas esquadrilhas de aspas

Atravessam zunindo os céus. Ponto.





XVIII





Pouco sobrou na trilha por onde passaste.

A mancha úmida da tua amargura.

Os pelos da tua barba e do teu fracasso.

Letras que um dia serão pisadas

Apagando sonhos tolos de eternidade.





XIX





Passou muito tempo

Antes de rever-te, primavera.

Os meus olhos estavam mais cegos,

Lágrimas e rugas se espalhavam em mim.

Apenas tu permaneceste intacta.





XX





Percorres nas ruas abandonadas

A certeza de não encontrar.

Os caminhos te levam a nada,

Leva-te a nada caminhar.

A luz só inicia onde se esgota teu olhar.





XXI





Prenderam a puta às sete horas

Ao lado da ruazinha que dava pro horizonte. Leram-lhe os direitos,

Oraram por ela,

Levantaram suas saias, esconderam-na dos olhos curiosos do povo. Depois,

Atiraram e ela morreu.





XXII





Pedaços do teu corpo expostos na vitrine

A um preço insignificante por quilo.

Ofertas da casa, teus sentimentos,

Largados, murchos, sombrios,

Arquitetam o juízo final.



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