VOYEURISMO
Usando meu código de honra
reverencio as minhas sete árvores:
galhos negros,
copas fartas de folhas verdes
que no outono se fazem
amarelas, morrons ou douradas
em constante copulação com a Natureza
O sol que bate do leste
mais tarde vira pro oeste
a filtrar luzes e matizes,
a fabricar festa indecente —
pros olhos — de tanta beleza
Ora o silêncio, ora o piano suave
ajudam o descompassado desvario
O vento leve ou, às vezes, valente
pincela os movimentos finais
de uma distinta obra-prima
Abandono meu corpo em gozo,
em orgasmo perfeito,
vivendo o abençoado espetáculo
que acontece na minha janela
© Fernando Tanajura Menezes
(n. 1943 - )
http://tanajura.cjb.net
|