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Erotico-->6. LAURO -- 31/01/2002 - 06:00 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Um dia, Rosalinda chegou do médico em pânico. Foi diretamente à escola, exigindo conversar com o professor Lauro. Tinha um assunto urgente a tratar.

O bedel não gostou de interromper a aula mas, à vista da insistência da garota, resolveu que era melhor atender.

Quando o jovem senhor se deparou com a rapariga, sentiu um frio na espinha.

— Vamos à sala dos professores, que deve estar vazia nesta hora —, pediu-lhe ele, sem tocá-la, olhando para todos os lados.

Assim que entraram, repreendeu-a:

— Eu não falei que era perigoso a gente se encontrar aqui?

— Estou grávida.

O homem sentou-se, deixando-a de pé. Colocou as mãos na cabeça e escondeu o rosto. Finalmente, observou:

— Você está certa disso?

— Estou vindo do médico. Todos os exames deram positivo.

— Vamos ter de providenciar o aborto.

A palavra chocou a jovenzinha, que enfatizou:

— Eu não vou assassinar o meu filho.

— E eu não quero pagar pensão para um...

Ia dizer bastardo, mas achou por demais ofensiva a expressão.

Rosalinda ia colocando os pensamentos no lugar. Finalmente, concluiu:

— Bem que eu estava desconfiada que você ia dar pra trás. Enquanto a gente transava, tudo estava bem.

— Você sempre soube que eu sou casado e que amo minha mulher.

— Eu mereci isto. Pois bem, vim revelar que você vai ser pai mais uma vez. Você não vai querer assumir a paternidade, mas fique sabendo que não tem direito de ignorar o fato de eu ter somente dezessete anos.

— Eu te mato!

— Faça isso. Você vai ver como é bom enfrentar a lei.

— E quem é que vai ficar sabendo?!...

— Existem quatro pessoas que sabem quem é o pai da criança. Você vai ter de matar mais dois.

— Para quem você contou?

— Contei para o médico e para mais uma pessoa cujo nome você vai ficar sem saber. Mas se vai me matar, faça isso logo, porque meus pais também vão ficar sabendo por mim mesma.

Lauro não quis ir adiante no confronto. Percebeu que tinha muito mais a perder. Imaginou se Rosalinda não seria capaz de criar a criança sozinha, sem atribuir a paternidade a ele. Sondou-a:

— Se nascer, como é que você vai registrar?

— Meu filho vai ficar sabendo quem é o pai através da certidão de nascimento.

— E seu eu não permitir?

— Para que existe exame de DNA? Agora há cem por cento de certeza.

— Você vai destruir minha vida.

— Você está destruindo a sua vida. Não seria mais fácil ficar contente e deixar as coisas correrem?

— Minha mulher não vai aceitar.

— Vai, sim, porque eu não vou querer você como marido. A sua covardia vai marcar o nosso relacionamento. E eu vou sempre achar que você estará me traindo com outras alunas.

Rosalinda fez menção de se retirar, mas Lauro a segurou pelo braço.

— Vê se me larga...

— Espere um pouco. Eu estou com medo. A gente sempre usou camisinha.

— Nem sempre. Mas eu não vou ficar lembrando essas coisas.

— Será que o filho é meu mesmo?

— Outra vez? Sabe de uma coisa, vai pra...

Não concluiu o xingamento. Julgou que o amante era bastante vil sem ser preciso que ela o colocasse no devido lugar.

— Rosinha...

— Que Rosinha que nada. Vê se me esquece.

— Você não vai contar nada para suas colegas.

— É bom que elas saibam com quem podem estar lidando.

— Eu vou perder o emprego e o registro.

— Pensasse nisso antes.

— Não faça isso comigo.

— Você é quem quer matar o filho e a mãe.

— Eu lhe peço perdão, em nome das horas de felicidade que passamos juntos. Você não queria um homem experiente para começar a vida sexual? Por que agora me vem com esta de arruinar a minha vida? Não foi bom para você também?

— Não se esqueça de que as pessoas vão me ver barriguda e vão querer saber quem é o pai.

— Diga que o pai fugiu, que morreu, que...

Não conseguia lembrar uma terceira hipótese.

— Eu vou dizer que o pai não quer responsabilizar-se pelo que fez. Mas eu lhe prometo não falar o seu nome a ninguém, desde que você me prometa não se aproximar de nenhuma aluna, enquanto não puder assumir um compromisso sério na vida.

— Você acha que eu vou querer passar de novo por uma situação destas?

— Eu estou achando que sua mulher vai descobrir um dia que galinhão tem fora de casa. E vai deixar você na mão. Escreva o que estou dizendo.

Desta feita, ela saiu sem promessa e sem permitir que ele a segurasse.

Quando Lauro voltou à classe, estava lívido, a ponto de todos os alunos ficarem em silêncio, aguardando por alguma notícia devastadora. Ao invés disso, disse ele:

— Estão querendo me derrubar. Mas eu sou mais eu, vocês vão ver. Quem pode me dizer quem escreveu Os Lusíadas?

E antes que algum pirralho fizesse alguma gozação, ele mesmo respondeu:

— Foi um português, Luís Vaz de Camões, que tinha um olho só mas enxergava mais que muita gente.


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