Usina de Letras
Usina de Letras
12 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62282 )

Cartas ( 21334)

Contos (13267)

Cordel (10451)

Cronicas (22540)

Discursos (3239)

Ensaios - (10386)

Erótico (13574)

Frases (50671)

Humor (20040)

Infantil (5457)

Infanto Juvenil (4780)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140818)

Redação (3309)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6208)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
cronicas-->Prof.RUDI J. BIEGER -UMA PEQUENA GRANDE IDÉIA -- 30/10/2006 - 01:36 () Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Meu leitor e amigo Prof.RUDI JOSÉ BIEGER da bela
cidade de Càndido Godói, na fronteira Noroeste
do Rio Grande do Sul,humano e sensível, ele nos
mostra em sua crónica, o valor da idéia de um
Mestre, ao se integrar a sua comunidade e se
sensibilizar com os problemas locais.Vale a pena
ler e divulgar o exemplo deste nobre Professor.
PLANTE UMA ÁRVORE,PLANTE VIDA!

UMA PEQUENA GRANDE IDÉIA!
Prof. RUDI JOSÉ BIEGER*

Estávamos no ano de l978, mais precisamente no mês de abril, e a região era assolada por uma seca bastante considerável. Não chovia há quase três meses. Trabalhava como educador numa escola do interior do município de Càndido Godói. Era uma comunidade muito pobre, e o sustento, as pessoas o tiravam de suas lavouras, de um solo muito pobre, pedregoso e com pouca matéria orgànica. Isso tudo, somado à pouca instrução do povo, temos uma comunidade sofrida. A seca já estava preocupando, a água escasseando e os poços secando. Não havia água encanada e cada família possuía seu poço particular.

Os comentários, nas rodas de conversa, versavam sobre a falta de água para os animais e dos poucos sinais de chuva que se apresentavam na natureza, umidade e de nuvens. Ninguém falava em parar as aulas devido a isso. A água que se gastava na escola era buscada pelos próprios alunos com baldes em poços familiares nas redondezas onde ainda havia. Numa aula de geografia aproveitava para explicar aos alunos a causa da pouca incidência de chuvas. A falta de mato fazia com que o ar se tornasse mais seco e não havia a possibilidade da formação de umidade e de nuvens suficientes.

Certa manhã, antes de se iniciarem as aulas do dia um aluno perguntou-me: "Professor, veja só, ainda temos muito mato aqui. Olhe que pedaço grande meu pai ainda tem"! E mostrava o verde que se descortinava adiante. Tive que fazê-lo entender que era preciso muito mais que isso e o problema era da região e do estado. Disse ele ainda que há muitos pedaços de terra ociosos onde se poderia plantar árvores que seriam úteis para madeira, " lenha para o fogão, sombra, frutas, etc." - eu acrescentei.

E eis que uma luz apareceu em minha mente. Fora preciso escutar esta criança que se preocupava com a falta de água e que ainda se lembrava da aula do dia anterior, onde foi falado sobre a falta de matas e da seca. "E se nós déssemos o exemplo"? - pensei .

À tarde fui vistoriar o pátio da escola e vi que o terreno era enorme. Poderíamos pegar parte dele e plantar mais de cem árvores. Deixei amadurecer a idéia, levei-a à diretoria do CPM que a aprovou e claro, aos alunos, que se entusiasmaram. Cada aluno compraria duas
mudas de Pinnus Elliotis, pois na época era moda plantar-se esse tipo de árvore para reflorestamento. Hoje, seria diferente e seriam plantadas mudas de árvores nativas da região ou até frutíferas, que não teria sido má idéia.

Nesta mesma tarde, dirigi-me à prefeitura para falar com o Secretário da Educação, que era proprietário de um horto. Expus-lhe a idéia e de como seria executada. Admirou-se e gostou. No mesmo dia levei as mudas em meu carro para a comunidade com a promessa de pagá-las assim que teria o dinheiro.

Reunimos alguns pais voluntários, fizemos as covas rigorosamente em linhas ajudados pelos alunos todos, em aulas de matemática o sistema métrico, quando eles mesmos mediam as distàncias, de geometria, de ciências, além de português, no relatório que fariam posteriormente e de desenho da planta. Em dois dias as mudas estavam plantadas. Foi estabelecida uma condição: nenhuma árvore poderia ser cortada, salvo em casos de extrema necessidade. Cada aluno cuidava, dando-lhes água quase diariamente, muitas vezes trazida em garrafas e coletada em córregos que teimavam em secar. Assim como a planta crescia, crescia o orgulho de cada um, pois era proprietário de duas mudinhas. Em poucos dias notava-se que as plantas cresciam de fato, e aí estava o grande exemplo que deveria ser seguido por toda a comunidade e região.

Há poucos dias estive na comunidade por ocasião do falecimento de um ex - aluno que por sinal era também doador de duas mudas. Observei o mato por mim planejado e plantado há exatos 28 anos, com os alunos da época, sentindo-me orgulhoso por participar e deixar minha marca na comunidade. Vi que as árvores estão altas apesar da fragilidade do solo. Também vi que o pacto feito pelos alunos, comunidade e professor estava sendo observado e poucas árvores foram cortadas.

Na ocasião um pai que mora na comunidade e na época aluno, comentou: "tenho aí duas árvores que comprei com minha mesada". Outras pessoas, hoje idosas, dizem que das muitas coisas boas feitas pelo professor, é este reflorestamento, que sempre será uma lembrança dele, enquanto uma árvore estiver aqui dando testemunho por ter ouvido uma criança.

Professor com Licenciatura em Português e Literatura Brasileira
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui