Somente agora, remexendo meus papéis é que encontrei o texto que aqui se segue. Deveria, na época, ter dedicado a algum jornal. Mas o tempo passou ...
Ainda assim, eis o texto:
Dia desses, um qualquer de um janeiro também qualquer , é publicado nos jornais o apelo de Sua Excelência, o Presidente da República. Esse no qual vocês com certeza votaram. Arrependidos? Bem feito! Pois então, não é que Sua Excelência vem apelar ao povo, para que seja dado um pouco mais de crédito ao seu governo. Não é preciso retirar o seu dinheiro dos bancos ou cadernetas de poupança, o atual governo não fará nada similar a eventos passados, afirma ele.
O apelo tardou. Houve o corre-corre aos bancos, o Dólar dispara e o Real... bem aí é uma outra estória, dessas pra boi dormir.
A verdade é que nós, o povo, não tomamos vergonha na cara, é notório que a política é um círculo vicioso, cheio de promessas e mentiras. Com o passar do tempo, podemos observar o não cumprimento dessas promessas, mas por favor, não se deixe enganar só porque aquele determinado prefeito mandou calçar ou iluminar a sua rua, isso é café pequeno. O término do mandato desses políticos, sua renovação, a troca de partido ou como mais recentemente, a unificação desses partidos, são medidas ilusionistas, com um único ideal, confundir o povo.
A parte que mais me comove do relacionamento Governo-Povo, são os seguidos aumentos, uma repetição contínua e ninguém faz nada, as reclamações não passam de suspiros! Por onde andam as revoluções? Por onde andam os cara pintadas? Quem pode dar um jeito nesse caos?
Aumentam o preço do pão, do arroz, do café, do leite, carne, ovos etc.. Juntam umas migalhas do Real e fazem uns cálculos malucos para chegar ao que chamam de cesta básica. Cesta básica? Pra quem? E os cálculos sobre as passagens, roupa, escola, o material escolar, médico, remédios e outros? Onde ficam? Como se vive?
Há tanto e tanto para se falar. Hospitais e atendimento médico? Somente no papel. O cômico, é que todos têm noção do que é o atendimento nesses locais, que na realidade, não têm as mínimas condições de atendimento ou internações e para ali se dirigem. Fazer o que né?
E de volta aos aumentos e os salários. Como andam com todos esses aumentos? Todos sabemos, congelados! Os cálculos do orçamento doméstico passaram a ser uma piada. Você ganha X e gasta Y, mês que vem você ganha o mesmo X e... Ah, esperem, mês que vem você ganha X – a diferença a maior relativa ao desconto previdenciário. É! Esse desconto também sofreu um “ pequeno reajuste “ e você não poderá saldar com Y seus compromissos, porque essa correção acabou de estrangular o seu já apertado orçamento.
Como solução, o governo pede para que o povo “ fiscalize “ os “ aumentos abusivos “ e corte algumas despesas! Eu já vi essa novela antes e não leva a lugar nenhum, Ainda esqueci de mencionar, os gastos com água, luz e gás. Telefone, eu já nem menciono, pois a essa altura dos acontecimentos Sua Excelência dirá que telefone está na categoria dos supérfluos e é aí, nesse momento, que eu jogo a toalha.
Tem também um caso peculiar, o dos vagabundos. Pois é, condecorados com esse título pela mais importante autoridade do País, os aposentados e pensionistas, terão, também, sua cota de participação, não obstante aos descontos para a Previdência, ao longo de suas carreiras. Ao invés de uma aposentadoria pacífica, com numerários o suficiente para uma sobrevivência digna, resolve, o Excelentíssimo Presidente da República, inteligentemente, reduzir ainda mais o salário dos aposentados.
Então agora, é no bolso dos vagabundos que Sua Excelência resolve buscar reais em número suficiente para equilibrar o atual déficit do País. Será que estamos cegos? São essas as pessoas que tanto estudaram Economia? As soluções estão aí, na cara de todos, sem necessidade de prejudicar mais o povo.
E para findar esta pequena amostra da realidade em que vivemos, é preciso deixar aqui definida, uma pequena mensagem de esperança ao sofrido povo brasileiro. E aqui vai:
“ Cidadãos brasileiros, é preciso renovar o crédito presidencial, não é necessário entrarmos em pânico com suas atuais medidas governamentais. Temos, em primeiro lugar, lembrar que estamos em fevereiro, semana que vem tem carnaval, suor e cerveja. Também temos fuscas, a tiazinha na Band, a nova loura do Tchan, e bastante futebol com o Romário “.
Chorar, pra que?
Bem, decorrido tanto tempo, quem está agora no poder é um outro presidente. Temos agora o Lula. E a mensagem desta feita é:
Calma! Calma!...Calma!
|