Feito pêndulo que à origem retorna
sem nenhuma alegria, mecanicamente
pronuncio teu nome na tarde morna
e o silêncio me responde, indiferente.
Busco teu perfume e mesmo ele está ausente.
O soco no ar, o gesto interrompido,
a súplica inútil, o vão pedido,
um só vazio no impassível poente.
Perco-me entre ruas perdidas, roendo
as unhas da minha aflição. No céu horrendo,
o abismo me encara e vejo o pôr-do-sol.
É manto vermelho cobrindo sem dó
o dia que me abandona. Estou só.
Só o escuro me envolve, gélido lençol...
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