Após um ano de atraso desde seu lançamento nos Estados Unidos, os executivos de distribuição de filmes no Brasil aproveitaram agora uma rara combinação de data e na sexta-feira 13 de setembro de 2002 programaram a estréia em nosso país de mais um thriller de horror adolescente, “Alucinação” (Soul Survivors). Produzido por Neal H. Moritz e Stokely Chaffin, os mesmos realizadores de “Eu sei o que vocês fizeram no verão passado” (1997), e dirigido e escrito por Steven Carpenter, “Alucinação” segue a mesma linha de produções similares como a série “Pânico” criada em 1996 por Wes Craven, trazendo elementos presentes em filmes como “O Sexto Sentido” (1999) e “Os Outros” (2001). Teve um desempenho fraco nas bilheterias e quase não cobriu os custos de produção, num orçamento avaliado em US$ 14 milhões.
A história é sobre uma bela jovem, Cassandra (Melissa Sagemiller), que vai comemorar sua entrada na faculdade numa festa gótica com o namorado Sean (Casey Affleck), a amiga Annabel (Eliza Dushku) e o ex-namorado Matt (Wes Bentley). Lá, Matt tenta novamente seduzir a jovem, que acaba beijando-o no momento em que é flagrada por seu namorado Sean, causando uma briga entre eles e culminando com um grave acidente de carro que causou a morte de Sean. A partir daí, Cassandra começa a sofrer com um forte sentimento de culpa e fatos estranhos passam a atormentá-la como situações em que sente-se perseguida por perigosos homens que viu na festa ou a existência de terríveis visões com o fantasma do namorado morto. Ela conhece a misteriosa Raven (Angela Featherstone), que faz uma amizade mais íntima com Annabel, e procura ajuda com um jovem padre, Jude (Luke Wilson), tentando decifrar as horríveis alucinações que aparecem à sua frente na forma de pesadelos como um ralo de banheiro explodindo em sangue ou quando sua cadeira na escola enche-se de sangue que jorra em abundância de seu nariz. Aos poucos, Cassandra vai entendendo o que realmente está acontecendo e tenta sobreviver em meio ao caos entre a realidade e a imaginação, descobrindo a verdade sobre as pessoas que a cercam, e caminhando numa linha tênue que separa o mundo dos vivos e dos mortos.
“Alucinação” procura novamente explorar vários clichês já largamente utilizados em outras produções parecidas de horror, investindo em sustos fáceis, algumas doses discretas de sangue, correrias, perseguições, pesadelos, surpresas, reviravoltas na trama e principalmente na confusão entre realidade e imaginação. Mesmo com um tema bastante desgastado, um suspense morno, elenco desconhecido e convencional, e principalmente um desfecho com um tradicional final feliz, mostrando pouca coisa original ou nova para os fãs mais experientes do cinema de horror, o filme até reserva alguns momentos de interesse no drama sobrenatural vivido pela personagem Cassandra, atormentada por misteriosas alucinações, servindo como um entretenimento sem muita exigência.