Que as mulheres são `antigas mestras ´ na arte de colecionar, isso é uma verdade já conhecida. É uma espécie de instinto primitivo de abundància e fartura no ajuntar das coisas. A mulher gosta de estocar para adiante, acumulando uma infinidade de coisas ao seu redor , assim ela se realiza, podendo explorar muito mais os seus sentidos.
Descobri que eu também sou uma colecionadora. Tudo começou com a notícia da mudança para um outro estado. Que correria! Primeiro uma faxina em gavetas, caixas, armários, e lá se formam `toneladas´ de papéis velhos (lixos) guardados há muito tempo...Depois o `pente fino´. Quem já passou por uma mudança sabe bem o que é isso. Como é complicado abrir mão dos nossos preciosos lixos...
Por me julgar uma mulher prática, nunca pensei que me enquadraria no perfil de uma colecionadora. Ao revistar gavetas, caixas, e a minha parafernália, constatei que também sofro deste mal que atinge a maioria das mulheres.
Ao vasculhar os meus pertences encontrei tantos acessórios, brincos fora de moda, anéis que já não me serviam nos dedos, e um número sem fim de relógios, dentre outras coisas como acessórios de beleza, cremes, perfumes, etc.
Também encontrei uma caixa cheia de cartões. Eram muitos. Cartões, pequenos, médios e grandes, lindos e feios, simples e sofisticados, dentre vários bilhetes e avisos. Resolvi então, olhar um a um e ver qual seria dispensável.
Chorei ao ler um singelo cartão que a minha falecida avozinha me dera no meu 9o aniversário...Morri de rir ao ler um bilhete de uma velha amiga, dotada de um senso de humor que ainda me faz rir só de lembrar...
Que frustração a minha! Resolvi abandonar esta árdua tarefa de me livrar daqueles registros. Fechei a caixa e a guardei - perto da minha coleção de agendas e fotos sem fim - tencionando concluir a `limpa´ em uma outra hora. Então coloquei tudo bem juntinho em uma caixa - que imensa caixa! - para depois (quem sabe já instalada em Fortaleza , minha nova cidade) dar um fim nessas minhas `tralhas´.
É um velho problema, o conflito de interesses que a arte de colecionar gera entre os homens e mulheres, pois o costume `colecionativo´ das mulheres vai muito além de objetos visíveis e palpáveis, comuns à sensualidade feminina. E é aí que as coisas complicam para o lado dos homens. As mulheres são eternas colecionadoras de datas, e lembranças. Sabem o dia em que receberam o primeiro presente do namorado, o dia em que foram beijadas pela primeira vez... guardam datas de aniversário, casamento, etc.
Isso acontece porque as mulheres são muito mais sensitivas do que os homens. É uma espécie de memória que vai além do sexto sentido. Por isso, as mulheres registram tão bem imagens, datas, fragràncias e perfumes que lembram os seus mais doces - e não tão doces - momentos.
Por um outro lado, homens são totalmente pragmáticos. São ótimos colecionadores de preocupações, e incansáveis na busca de saídas e soluções práticas para os seus eternais problemas.
Por isso homens, para fugir de futuras dores de cabeça, sugiro que apreciem a feminilidade que demonstra uma mulher, através das suas peculiaridades na arte de colecionar.
E a vocês mulheres! Para evitar intermináveis sofrimentos e frustrações, aconselho que não cobrem nem reivindiquem - demasiadamente - dos homens, o que está longe de ser inerente à sua natureza objetiva e realista: o colecionar emoções!
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