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cronicas-->A ECONOMIA DOS PRONOMES -- 07/09/2006 - 00:17 (Délcio Vieira Salomon) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A ECONOMIA DOS PRONOMES

Délcio Vieira Salomon


As pessoas se ocultam atrás dos pronomes. Ficam anónimas quase sempre. Isso em nossa civilização e cultura. É sabido que em certas tribos de índios não existem pronomes. Só nomes.

1º Ato

EU te fiz perguntas sobre a autoridade dele e
TU não me respondeste. Foi preciso que
ELE intercedesse junto a
ELA, que conseguiu que todos
NÓS nos entendêssemos. Cerimoniosa, mas hipocritamente, preferimos chamar de
VÓS, em vez de você, a nosso colega guindado ao mais alto posto da hierarquia, tal qual
ELES, os governantes, inebriados com o poder, gostam de ser tratados.

2º Ato
Imaginemos tribo de índios da Amazónia. Sejam "os tselas", por falta de apropriado ou correto nome e maior conhecimento de etnologia. Acontecesse entre eles, o mesmo diálogo acima, certamente seria mais ou menos assim:

Tatupeva (bate no peito) fez pergunta a Maribotu (aponta o dedo para Maribotu) sobre a autoridade de Xolu, mas Maribotu não respondeu a Tatupeva. Então foi preciso que Parabetu intercedesse junto a Moebiti que conseguiu que Tatupeva, Parabetu, Maribotu e Moebiti entendessem uns aos outros e chamaram de Morubixaba a Xolu, pois Tatupeva, Maribotu, Parabetu, Moebiti, enfim todos os Tselas reconhecem Xolu como Morubixaba e por isso dão o título de Morubixaba a Xolu e todos os Morubixabas gostam de ser tratados assim.

Grande lição há de se tirar desses dois atos, principalmente do segundo.

Já se observou que o uso dos nomes, em lugar dos pronomes, dá mais transparência e autenticidade à conduta e à comunicação.

Como os antigos romanos exclamavam, ao verem os cristãos, "vejam como eles se amam", porque eles o demonstravam publicamente, também nós, diante dos espetáculos, que os índios, ou mesmo as crianças, nos revelam em suas comunicações, somos levados também a exclamar: - "vejam como são autênticos e transparentes!"

Mas alguém poderia observar: o uso dos pronomes indica também ou, sobretudo, maior economia da linguagem. Como o uso das siglas.

Bela lembrança, melhor associação. Devemos concordar. Talvez seja por isso que nossos economistas usam e abusam das siglas e da falta de transparência. Têm pavor à autenticidade.

Aliás, a autenticidade é que lhes tem pavor, pois detesta a auto-suficiência, a sofisticação, e a empáfia de seus discursos e de suas análises. A economia na mão de certos economistas passa ser uma ciência oculta.

Além disso, por serem economistas, julgam-se superiores e detestam a história das grandes crenças. Crença é inimiga da ciência. Então, tornam-se "ateus", todos, mas cada um, a seu modo. Odeiam o bom senso, a confiança da religiosa gente do povo, que tem fé e esperança de que um dia tudo vai melhorar, sem precisar de planejar. Confiam na Providência que de tudo cuida, para a qual nem folha seca ou verde cai da árvore, sem que sua queda tenha sido prevista.

Afinal para essa gente não há desgraça que sempre dure, nem bem (alheio) que nunca acabe. Os ricos, os Epulões irão para o inferno e os pobres, os Lázaros, tomarão o lugar deles no paraíso.

Por acaso o Evangelho não exalta Maria, a dadivosa, a generosa, pelo desprendimento da mulher que sabe amar? E reprova sua irmã Marta, a economista, a controladora, a calculista, que vive a reclamar do desperdício e a exigir racionamento? Antes de falar em "apagão", já naquela época, a economista de Betània já economizava o azeite das lamparinas. Não foi Marta que reclamou de Maria, por derramar sobre os pés do Rabi, óleo perfumado com o aroma das flores silvestres?

Sim, o economista, porque só crê nos seus dogmas, nas suas teorias, nas suas leis reguladoras do mundo e das forças de produção, por tudo isso, descrê de tudo o mais. E, se descrê de tudo o mais, descrê da divindade. É ateu. Afirmo-o com a mesma convicção que os economistas defendem seu dogmatismo.

Assim sendo, zomba da arte de governar o mundo daquele em quem não crê. Ao contrário de Deus que escreve certo em linhas tortas, todo economista acha que é mamata escrever certo em linhas certas, e prefere escrever torto em linhas certas.

As linhas a Deus pertencem, a escritura aos homens. Mas a tortura (nos dois sentidos) só aos economistas.
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