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Contos-->QUANDO O AMOR NÃO ACABA - Cap. XXVIII -- 30/07/2010 - 18:09 (Edmar Guedes Corrêa****) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
QUANDO O AMOR NÃO ACABA - capítulo XXVIII

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Na noite seguinte não me encontrei com Diana. Telefonou-me por volta de cinco horas da tarde. Inclusive foi minha avó quem atendeu. Indagativo, dei um sobressalto quando esta gritou-me da sala que alguém na linha queria falar comigo. Pensei em Luciana, pois não havíamos nos falado no dia anterior, contudo fiquei surpreso ao atendê-lo.
Lembro-me de pensar em algo sério para estar me telefonando. Contudo, disse-me ter ficado com saudades e com uma vontade muito grande de falar comigo e ouvir minha voz. Confessei-lhe sentir o mesmo. Queria, naquele momento, dizer-lhe muitas coisas, contar-lhe que não sentia a menor vontade de voltar para Santos, para meus pais, para uma vida faz de conta e tão sem sentido, uma vida que eu odiava; mas com minha avó ali perto isso não seria possível. Ouvir aquelas palavras, por mais verdadeiras que fossem – e de fato eram –, magoariam minha avó, pois, por se tratar de uma pessoa bastante experiente, ela veria nas minhas palavras um quê de ingratidão para com meus pais. Ela não estava a par do que se passava comigo e mesmo que estivesse ainda sim sua forma de encarar as coisas – diferente em cada pessoa – não poderia chegar as mesmas conclusões. Quando sai de Santos – e o amigo leitor ainda deve se lembrar disso – estava no fundo do poço, ainda mais depois de um suicídio fracassado. A única coisa a me ligar a esta cidade, de onde não tive forças para me desligar, eram meus pais. Obviamente eu voltaria e continuaria a trabalhar no mesmo departamento, apesar de a lembrança de Fabiana só me fazer mais mal. Embora não tenha pensado na morte dela até o momento em que me dei conta de que precisava retornar, sabia que voltar a pisar no escritório, olhar para a mesa onde ela trabalhara e lembrar que ela não estava mais ali por minha culpa talvez me fosse demais. Aliás, enquanto estive em Juiz de Fora não pensei em outra coisa que não fosse em Diana. Estar com ela era viver um sonho, um sonho do qual não desejava acordar jamais, pois como disse Pascal em seus Pensamentos: “A vida é um sonho um pouco menos consciente”.
Mas como todo sonho não dura eternamente, o meu começou a chegar ao fim naquele final de noite quando o telefone tocou mais uma vez. Por coincidência eu estava no banho. No entanto, eu o ouvi tocar. Não pensei que fosse para mim. Ainda mais que escutei minha avó conversando com alguém do outro lado da linha, embora, devido ao barulho do chuveiro, não entendesse o que dizia. Minutos depois, ao sair enrolado numa toalha, gritou-me da cozinha que Luciana telefonara e que ligaria dali uns dez minutos. Só então me dei conta de ter uma namorada a minha espera.
De fato telefonou-me alguns minutos mais tarde. Como Diana mais cedo, disse estar com saudades e sentindo muito a minha falta, contudo suas palavras não pareciam ter a mesma vivacidade e sinceridade que as da outra; talvez os anos de convivência tenha naturalmente abrandado aquela chama tão intensa nos primeiros meses de namoro. O efeito provocado por aquelas palavras foram quase nulos. A emoção que normalmente as acompanha não me ocorreu. Na verdade recebi-as com indiferença, com a mesma frieza que a ouviríamos num filme ou numa encenação cênica de baixa qualidade onde nos sentimos entediados. Menti dizendo-lhe que também estava com saudades. Mesmo que desejasse lhe dizer a verdade não teria coragem de confessar-lhe não sentir o mesmo. Pessoas assim como eu preferimos mentir à dizer a verdade quando a mentira nos poupa de constrangimentos, mesmo sabendo que a verdade pode nos poupar de sofrer mais adiante.
Quis saber quando eu voltaria. Contou-me que todos estavam ansiosos pelo meu retorno. Confessou inclusive ter passado pelo escritório para deixar uns documentos a pedido do meu pai e os meus colegas de trabalho, ainda abalados com o falecimento de Fabiane, perguntaram quando reassumiria meu posto. Não sei se quis apenas me agradar ou se realmente estava dizendo a verdade. Talvez aquelas pessoas gostassem de mim, mas também poderiam estar apenas querendo ser prestativas pelo fato de eu ser o filho do dono. O ser humano tem dessas coisas, fingem gostar das pessoas com o intuito de obter vantagem. Não as culpo. O mundo é uma eterna selva e quem não luta para sobrevier fica pelo caminho. Eu também deveria ter ficado se a coragem de por fim à vida não me houvesse faltado.
– No próximo domingo – foi a minha resposta.
– Vou preparar uma surpresa para você – disse ela. Insisti para que me contasse, mas Luciana não se deixou levar. Manteve-se firme e declarou: – Você só vai saber quando chegar.
Aliás, passei a maior parte daquela tarde e o começo de noite pensando naquela surpresa. Luciana não era o tipo de mulher que gostava de me fazer surpresas. Lembro-me de uma ou duas que chegou a fazer no começo de nosso namoro, mas nada além disso. A primeira vez em que me fez uma surpresa foi no meu aniversário. Ainda era virgem apesar de estarmos namorando havia três meses. E apesar de minhas tentativas em levá-la para cama, na hora H, quando as carícias se tornavam íntimas demais e estávamos prestes a perder o controle, recuava e ordenava-me para comportar-se. Nesse ínterim conseguira não só lhe tirar a blusa como também chupar-lhe os seios grandes e pontudos. Uns quinze dias antes do meu aniversário consegui também introduzir-lhe a mão por dentro da calcinha e acariciar-lhe a vulva molhada. Na primeira vez a introdução do dedo a assustou, o que fez com que me ordenasse para retirá-lo como costumava a fazer quando ia longe demais; na segunda por outro lado, permitiu que este deslizasse para trás e para frente uma dezena de vezes (Eu tentava descobrir onde estava o ponto mais sensível daquela parte do corpo dela, pois lera em algum livro acerca do clitóris, embora não soubesse ao certo onde ficava) até que o prazer atingiu um nível, provavelmente o orgasmo, que a fê-la parar subitamente e puxar minha mão como se eu houvesse tocado em algo que não deveria. Lembro-me de ficar confuso, pois comigo ela não se intimidava em ir até as últimas consequências. Tanto é verdade que cerca de um mês e meio após começarmos a namorar (nós nos conhecemos uns vinte dias antes), numa tarde onde estávamos as sós em sua casa (a mãe fora ao médico) puxou-me o falo para fora e ficou brincando com ele. Na semana seguinte havia feito isso pelo menos três vezes. E no dia em que completamos dois meses de namoro, aproveitando que a mãe não estava em casa, tornou a fazê-lo e, pedindo-me para mostrar-lhe como se masturbava, levou-me a um gozo intenso e a um prazer que eu jamais experimentara. Estávamos deitados no sofá da sala com a TV ligada, embora sem volume. E talvez por não saber ao certo como era aquilo não esperava que o jato fosse tão longe e nem a quantidade de sêmen fosse tanta. Lembro-me que a coisa voou tão longe que respingou no sofá e no seu rosto, pois tomada pela curiosidade jazia com a cabeça apoiada sobre o meu umbigo. No momento em que o jato a atingiu, soltou do sofá e correu até o banheiro para apanhar um pedaço de papel higiênico. Não me movi. Deixei que ela me limpasse enquanto comentava com uma cara de nojo que aquela “coisa” era muito melequenta e esquisita. Até o meu aniversário tornou a fazer aquilo umas três ou quatro vezes. Embora a desejasse cada dia mais, pois quando desejamos algo e não o temos o desejo só se faz aumentar, não tinha esperança de possuí-la tão cedo. E fiquei extremamente surpreso quando, ao levá-la para casa após comemorarmos o meu aniversário em minha casa (havia apenas familiares e três ou quatro amigos mais próximos), disse-me para ir até seu quarto. Deviam ser quase meia noite. Pediu-me para sentar na cama e esperar um pouquinho que ia ao banheiro. Ao retornar, usava tão somente uma camisola branca e semitransparente. Empurrou-me para trás e arrancou-me a roupa. Foi uma coisa rápida, sem muita “frescura” como costuma ser nessas horas. Tive de ser um pouco paciente apenas durante a penetração. O gozo foi quase instantâneo devido ao meu excitamento e pelo que me recordo Luciana não sentiu muito prazer.
Quando ela disse ao telefone que prepararia uma surpresa, cogitei que a tal “surpresa” deveria estar relacionada com sexo. Talvez finalmente me deixaria penetrá-la no ânus, coisa que há mais de um ano vinha insistindo e ela sempre negando. Aliás, talvez não tenha confessado antes, mas naquele dia em que agarrei fortemente Fabiana por trás no banheiro e a penetrei violentamente no ânus, fiz isso como se o fizesse em Luciana. Embora só quisesse me vingar daquela pobre infeliz pelas suas insinuações, inconscientemente estava me vingando de minha namorada por não me deixar fazer aquilo que eu tanto queria. E a conclusão a que cheguei foi de que finalmente me deixaria comer o seu rabo. E essa possibilidade levou-me a outra: quem sabe um dia também faria o mesmo com Diana? Talvez não fosse fácil convencê-la a deixar, pois certamente por se tratar de uma jovem criada sob rígidos preceitos morais e religiosos, o sexo anal haveria de ser um tabu dos mais difíceis de quebrar. No entanto, em minhas fantasias, as quais inundavam-me o pensamento, impedindo-me de adormecer, naquele quarto solitário do apartamento de minha avó, eu a imaginava numa noite qualquer, de bruços em nosso leito de amor a erguer o traseiro para que a penetrasse naquele orifício apertado e tão desejado pelos homens. Lembro de imaginá-la a se dissolver num prazer inexplicável enquanto meu corpo flutuava sobre o seu. Aliás, esta é a última imagem da qual me recordo. Devo ter adormecido pouco depois.
A lembrança seguinte é a de raios solares através das frestas da janela no dia seguinte. E ao me relembrar dos últimos pensamentos da noite anterior ri do absurdo que era aquilo tudo. Sonhava e desejava ardentemente ter Diana um dia, mas aí fazer sexo anal já era demais. Agente se amava, e disso não havia a menor sombra de dúvida, contudo, nosso amor era puro demais para estar associado a uma sem-vergonhice daquela. Apesar de não ver falta de pudor no coito anal, imaginar Diana fazendo aquilo só poderia ser consequência de um desvairo. Talvez Luciana fizesse, mas Diana não.
Durante o café da manhã, minha avó convidou-me para acompanhá-la até Santa Paula. Precisava pagar dona Rosinha, dona de uma granja, a qual lhe fornecia ovos, legumes e verduras frescas três vezes por semana. Minha avó não gostava nem dos ovos e nem das verduras compradas nas feiras ou nos supermercados da cidade. Afirmava estarem contaminados por agrotóxicos e portanto faziam mais mal do que bem à saúde.
Acompanhei-a.
Passamos um dia agradável em Santa Paula. Numa romaria interminável, fomos à casa de um, de outro, como se, por meus pais terem passado a metade da vida naquele lugar, eu tivesse o dever de visitar todos os seus conhecidos e repetir uma infinidade de vezes a mesma história, pois em cada casa que entrávamos as perguntas eram as mesmas, como se a vida naquele lugarejo levara aquelas pessoas a terem os mesmos pensamentos. Aliás, não só terem os mesmos pensamentos como também responderem à nossa presença da mesma forma. Em cada casa que entramos ofereceram-nos um cafezinho com alguma coisa para comer, como se só fomos ali para encher a barriga. Sei que só tencionavam nos agradar, mas a insistência e o fato de fazerem a mesma coisa acabou me irritando, principalmente com o aproximar da tarde, quando eu desejava tão somente voltar para Juiz de Fora e esperar o telefonema de Diana.
Aquelas pessoas poderiam significar alguma coisa para meus pais e até terem significado alguma coisa para mim no passado, mas no momento não representavam nada comparadas com o que Diana representava para mim. Num piscar de olhos eu trocaria a companhia de todas elas -- por mais agradável que fosse -- pela de Diana. Aquelas pessoas poderiam ser as melhores amigas do mundo, mas no meu mundo não havia lugar senão para Diana. Era ela o único motivo para eu ainda permanecer em Juiz de Fora. E ela não estava ali, em Santa Paula, onde eu estava com minha avó, de forma que continuar ali só me aborreceria e me levaria ao desespero.
Por sorte convenci-a de que precisava voltar para Juiz de Fora porque Luciana prometera me telefonar dando notícias de sua irmã, a qual estava internada. Minha avó achou estranho essa notícia, pois quando falou com Luciana no dia anterior esta não mencionou a doença da irmã. Disse-lhe que talvez houvesse se esquecido, ou para não preocupar minha avó não tenha mencionado o fato. Ela aceitou as justificativas, pelo menos mudou de assunto pouco depois.
Se por um lado resolvera um problema, por outro criara um problema ainda maior. Não poderia deixar que minha avó atendesse o telefonema de Diana. Caso contrário desconfiaria que eu mentira e ficaria ressentida comigo. A solução encontrada, depois de passar a viagem de volta tentando encontrá-la, foi de não sair de perto do telefone. Como este ficava na sala, entre a TV e uma cadeira de madeira, teria de ficar sentado ali o tempo inteiro. Por sorte levara na mala de viagem o grosso volume de A Montanha Mágica de Thomas Mann, uma obra comprada alguns meses atrás, pouco antes de me envolver com Fabiana, e a qual ficara esquecida no sobre uma mesinha e entre tantos outros livros desde então. Cheguei a pegá-lo para ler duas ou três vezes nesse meio tempo, mas por ser uma obra volumosa, deixava para depois. Aliás, gosta de ler de vez em quando, mas poderia ser considerado principalmente nos últimos tempos um leitor preguiçoso. Como não sabia quanto tempo permaneceria em Juiz de Fora, vi nessa viagem a oportunidade de conhecer aquela obra, da qual ouvia os mais favoráveis comentários nos corredores da faculdade durante uma oficina cultural no final do ano anterior. Naquela época, fiquei tão curioso que prometi a mim mesmo passar numa livraria e adquiri-lo. Na primeira investida, quando num passeio pelo Gonzaga entrei em duas livrarias na Ana Costa, não encontrei. Informaram-me que a edição estava esgotada mas estava para sair uma nova em breve. Na segunda vez, algum tempo depois, quando me lembrei por acaso da referida obra, a nova edição havia saído. E foi com a leitura das primeiras páginas, onde se narrava a chegada de Hans Castrof à clínica, que passei aquele resto de tarde ao lado do telefone.

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