[fragmento do monólogo "sonhos de fausto", que escrevi em 1999 para uma performance teatral no interior de uma instalação de arte homônima.; a instalação foi concebida pelo artista plástico Lauro Monteiro, de Araraquara, para um projeto do SESC/S. Carlos]
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(Fausto discorre sobre o seu itinerário)
a sabedoria dos povos sempre soube cultivar o valor das estórias
do diz-que-diz-que, da futrica, da fofoca, dos mistérios
dos enredos, romances, novelas, contos de fadas
mitologias, cosmogonias, mistérios
meu criador, o poeta, foi corajoso deveras
desrespeitou as convenções do seu tempo
houve quem não pudesse crer na sua ousadia sem peias
como escrever assim tão a gosto do populacho, da gentalha?
e assim fui concebido, arquitetado ao longo de décadas
por ele construído, palavra a palavra, frase a frase
de cada mínima expressão ouvida das bocas pelas feiras, pelas ruas
de cada frase genial de outro poeta, roubada, pilhada,
para compor o meu itinerário
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