Nesta vastidão de mundo, na correria dos segundos, nem sempre posso ancorar.Às vezes, durante algum tempo fico horas, dias, tempos a naufragar. E naufraga do presente, as ondas me levam sem direção, sem horizonte.
Como gota, danço sem rumo na imensidão do mar. Absorta em pensamentos sem significados, fluo onde as ondas, onde o vento, onde o tempo me levar.
Um vazio sem extensão, um momento perdido, perdida no turbilhão de mim.
Não quero porto seguro. Quero porto para chegada, porto para acolhida, para partilha. Quero porto pra idas e vindas. Quero porto pra descobertas, sem cais desertos pra desbravar.
Naufraga de mim, nem feliz, nem triste, sou levada num infinito espaço da solidão, do complexo sou. Será decadência? Não, apenas a insistência do permitir, apenas a entrega, a vazão de mim ao mar, a vida e o imprescindível doar.Apenas a extensão, a existência de ser, em um instante, naufrágio de mim.
Leslie Holanda
23.05.06
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