Deus me livre de ter medo agora,
ou vergonha de imitar,
ou até plagiar, os mestres.
_____________________________
Nos sobrolhos contraídos,
é visível o sortimento de culpa
do senador licenciado.
______________________________
Ora, finda a cirurgia plástica,
a boca aberta, morta de desgosto,
procura - que mudança drástica!
- aquela ex-fisionomia elástica
plastificada em seu impróprio rosto.
_____________________________
É, aquela novela com a Sandy acabou deixando
muita gente, ao que vejo, pela hindumentária, simplesmente hippienotizada!
_____________________________
E esta frase (de quem será?), a mais antiga de que me lembro, lida, como frase entre frases, para meu espanto e arrepio estético, no Estadão, que o meu avô assinava. Gostei e passei a repeti-la muitas vezes, orgulhosamente, para os meus ouvintes na época: "Oh, a inútil gravidez dos abacates!
_____________________________
(apud Raul Fiker)
De uma pessoa sem qualquer
presença de espírito, pergunta-se:
"Alguém viu o corpo
de fulano (ou fulana) por aí?"
_____________________________
Outrora: começo, meio e fim.
Hoje: fórceps, mídia e happy-end.
___________________________
Quando viu que era careca,
aquele grego endoidou,
aos urros de "Eureka! Eureka!",
feito um zorba, sem cueca,
pela ágora passou.
_____________________________
Por que não construir de uma vez
uma Estátua da Libertinagem?
_____________________________
Priscas eras:
1900 e tampinha de rolha.
_____________________________
E, para quando o pior tiver passado:
1900 e boquinha da garrafa.
_____________________________
Encará o quê?
_____________________________
Fracasso no matrimônio,
traído pela mulher,
console-se, meu amigo,
da outra banda terá havido
um bem-entendido qualquer.
______________________________
Sem querer perder o mundo
e um dia ir privar com Deus,
os herdeiros pisam fundo
de olho no reino dos seus.
_______________________________
Depois da tempestade
vêm o levantamento dos estragos
e o risco das epidemias.
_______________________________
Parafraseando Leminski:
Chega de chatice,
essa realidade
em que tudo entra pelo cano,
eu quero é viver de verdade
eu fujo de qualquer filme
coroado em Cannes.
_______________________________
Algumas cócegas, viste,
costumam ser provocadas
pelo dedo em riste.
_______________________________
Já, ao sair da lanchonete,
começou a sentir umas
coca-cólicas muito fortes.
_______________________________
Cf., em artigos neste site: "Lampejos de Millôr: oswaldianamente amor/humorado".
|