(Uma dedicatória, um alíbi)
Agora que tudo está maus
e a desgraça parece infinda,
em sua "bíblia do caos",
o humorista tá Millôr ainda.
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Invenções, recriações,
transcriações: bobagens
pra mais de metro.
E um que outro plágio,
deslavado mesmo.
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Obras-primas, em geral,
instalações, ousadias,
desperdiçam material,
enfeiando as galerias.
Botões em desuso, que remédio?
Aprendi, apesar do tédio
a pensar com os meus zíperes.
A morte e as doenças terminais
costumam produzir um efeito retroativo,
obrigatoriamente benéfico,
sobre o caráter de qualquer traste.
Futebol, "um pé na bola",
que definição legal!
Mas os dirigentes querem
que termine no plural.
Os baixinhos de ontem já se consolam:
"Xe até a Xáxa naxeu no xéculo paxado?"
E esqueceu-se do xarope.
E viu o que é bom pra tosse.
- O que pensa do ágate?
- Numa palavra?
- Hm! ...
- Caga-te.
"Mas, hoje, pra que ginástica,
já existe a cirurgia plástica?",
pergunta, no seu lindo site,
a madura e engajada socialite.
Pergunta-se, meio a esmo:
Será que, em terra de cego,
quem tem um olho é caolho mesmo?
Em terra de cego,
quem finge que tem um olho
só pode ser calhorda.
Em terra de cego,
quem tem um olho
que se cuide.
Em terra de cego
quem tem um olho
vê cada coisa!
Bons tempos aqueles!
A vida ainda podia imitar a arte!
Os gatos pingados
serão mesmo
sempre os mesmos?
Viva o Macaco Simão,
que se ri dos tristes fatos.
Pra ele, co esse apagão
todos os pardos são gatos.
Triste sabê-lo,
o carteiro
deixou de sê-lo.
No dia seguinte ao pleito,
em toda e qualquer biboca,
todo candidato eleito
vira um prefeito idiota.
A perspectiva, que maravilha!
Visto de um foguete,
o maior continente
não passa de uma ilha.
Em
Deus,
é
eu,
ou
são
eus.
Tempos de fartura.
Farta tudo.
- O ego costuma ser cego.
- O id idem.
- Tem filhos gêmeos?
- Não. Não.
- Sabe amar?
- Anseio.
- Mamar?
- Sei-o.
Para certas alergias,
quando falha o Dr. Freud,
não há nada mais certeiro
do que um belo corticóide.
Alegria nunca vista,
não se conteve, gritou,
vendo o psicanalista:
"Boa tarde. Como vou?"
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