Um amigo de muitos anos, homem muito rico, dono de uma grande transportadora, candidato a vereador eleito nas últimas eleições, me ligou pedindo para conversar em particular comigo. Em nossa comunidade todos nos conhecemos, por isso achei que ele parecia desesperado. Quando chegou, percebi imediatamente que a coisa era séria.
- O que aconteceu, perguntei. Você se elegeu! deveria estar alegre.
Sem me olhar nos olhos, ele respondeu:
- É um telefonema que recebi ontem! Era um eleitor que pensou estar falando com minha mulher. Você sabe, ela foi a coordenadora de minha campanha.
- E daí? prepare-se para receber muitos desses. Eles agora vão cobrar o que você lhes prometeu.
- O que ela lhes prometeu! respondeu ele exaltado.
- Como assim? perguntei indeciso.
- O cara não sabia que eu estava na extensão e...bem...ele...
- Sim? incentivei-o.
- Bom ele relatou como fora seu encontro amoroso com ela, e queria outro!
- A Lurdes?! Você deve estar brincando, disse eu verdadeiramente boquiaberto. Ela te dá a maior força!
- Não estou brincando! Mais tarde eu e ela tivemos uma conversa franca, onde eu lhe perguntei diretamente se ela algum dia, havia me traído. E ela disse que sim. Duas vezes!
Fiquei pasmo, mas resolvi nada dizer. Meu amigo continuou:
- Eu lhe disse que ela nunca tivera motivos para fazer isso etc. etc. E ela me disse que tivera, sim. A primeira vez foi quando financiei meu primeiro caminhão. Segundo ela, sem uma "forcinha" com o gerente do banco, o financiamento não teria saído.
- Bom, eu lhe disse, são águas passadas! Afinal, graças àquele caminhão você tem hoje uma frota!
- Sim mas o problema maior está na segunda vez!
Ela disse que fez as contas e concluiu que faltava 220 votos para me eleger...