Tento escrever.
Falta inspiração.
Ou ela é demais, não sei... E fico na incerteza da escolha de um vocábulo ou outro, que venha em meu auxílio. Mas eles chocam-se na mente que, atordoada, nem sabe o que reflete.
Há dias assim.
Fico a imaginar o que pode passar-se no coração de um ser que, sob o engano da expressão, talvez, sofra com algo que não consegue compreender. É um sentimento vazio que divaga por aí, perdido, sem nenhuma razão de ser.
Confusa a razão, tento encontrar respostas.
Não as acho. Há coisas que meu intelecto não consegue registrar, como quando observo pessoas que gostam de ficar tristes, magoadas, chegando a sentir certo prazer nisso. Ou reclamam e se aborrecem com pequenas coisas.
Puxa! Eu sou tão alegre e entusiasta...
Gosto de andar na chuva, abraçar o vento, rolar montanhas... E até voar!
Voar... Sim!
Iludir-me com a "ótica noturna" das coisas...
Ou sorver o ar fresco da manhã...
Acreditar em mentirinhas, que eu mesma me prego. Tomar aquele sorvete proibido, quando a garganta está ressecada e dolorida.
Viver... Adoro a vida!
Fechar os olhos e imaginar paisagens.
Sair de onde estou, instantaneamente, num trepidar de pensamentos, que nem consigo controlar.
E Deus, o Senhor de todas as coisas... Falo do "AMIGO"... Não daquele Deus que a maioria das pessoas tem por juiz, ou o Ser que vive fiscalizando tudo o que fazemos. Esse, eu deixo para os outros. Nada quero com ele... Refiro-me ao DEUS-AMOR, que nos deixa livres, absolutamente libertos de preconceitos, ou da sensação torpe e mesquinha de "pecado"...
Pecado é não viver; é desprezar o mundo, com tudo que nele existe, seja bom, ou "aparentemente" mau.
Tudo faz parte de um projeto. São as duas faces da moeda
"MEU PAI DISSE-ME PARA NÃO PERDER NENHUMA OVELHA", falou o Senhor...
Às vezes, tenho muita vontade de ser aquela ÚNICA ovelha que se perdeu, deixando as noventa e nove para trás. Ou para a frente, não importa.
Sentir-me a "ovelha desgarrada" a preocupar o Bom Pastor.
Como eu gostaria, Senhor, que viesses à minha procura, que, preocupado com a minha segurança, abandonasses as outras ovelhas "tão boazinhas" (serão?) e corresses na minha direção... Acho que eu brincaria de pique-esconde Contigo. E quando, então, Tu percebesses a minha façanha, abririas um largo sorriso, estender-me-ias Tua mão e, os dois, sairíamos a correr, à s gargalhadas... As outras ovelhinhas nada iriam entender. Nunca se desgarraram e não puderam, então, sentir a Tua preocupação por elas...
E eu lucrei muito com isto, pois questionei-te o tempo todo e Tu me deste razão... "Só aprende, quem VIVE"... Creio não ser preciso frequentar um templo... Pra quê? Vê-se cada coisa por lá, senhor... Nem queiras saber... Uf!
Maria Madalena ficou tua fã número um.
Creio que depois que mandaste "atirarem a primeira
pedra" ela viveu unicamente para louvar-te e amar-te. E foi agraciada, mais tarde, com a tua presença quando, enfim, ressuscitaste. A BOA SAMARITANA, quando lhe pediste de beber e lhe adivinhaste tantos pecados que ela tinha... Saiu extasiada, a revelar-te o nome, a quantos se lhe interpunham no caminho... Pedro. Ah... o Pedro... Amava-te tanto, e isso é incontestável. Mas negou-te três vezes, antes que o agourento galo cantasse. Assim fazemos, algumas vezes: negamos a quem mais amamos. Creio que faz parte de nossa natureza humana. Mas TU sempre soubeste! E tenho a ligeira impressão de que desejaste, por algum momento, ser "um de nós"... Pediste ao Pai, para que deixasse passar aquele cálice, lembras? Ele não Te atendeu, pois se o fizesse, estaria nos privando da prometida salvação, através do Teu Sangue e do Teu Corpo... Os que nos deste de beber e comer, na Santa Ceia... Molhaste o pão no vinho e o deste ao Teu traidor... Só tu mesmo, Meu Senhor... Só Tu!
Ah! Gigante de Sabedoria... O mundo fala tanto em Ti, mas não te percebe a candura e simplicidade, que os relatos de tua vida a história faz chegar até nós...
Há tantos escribas e fariseus por aí... tão pomposos, ainda... Falam... Falam... E falam!!!
Não decifraram, ainda, a tua linguagem tão simples e direta: "AMA O TEU PRÓXIMO"... SÓ ISSO... Aí está chave do grande mistério... AMOR.... que perdoa, compreende, alivia, revitaliza e, acima de tudo ACEITA... sem preconceitos, pela simples razão de que o ser humano é essencialmente bom... Basta que se lhe dê uma chance, uma apenas... e qualquer ser mostra que é feito do mesmo sentimento e do desejo de servir... de amar... E é disso que o homem precisa, o tempo todo...
De AMOR.
O AMOR que se reflete em toda a criatura como filha de um ÚNICO CRIADOR.
AMÉM.
Milene Arder
"Perdoa-lhes, Pai... Eles não sabem o que fazem"
(Jesus Cristo)
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