O TIGRE
Num de nossos rompimentos, eu já estando aparentemente até conformado, pois havia passado mais de mês em que nos viramos pela última vez e
nos falamos,aconteceu algo que pode ser paradigmático porque o envolvimento com Sara
foi tão avassalador, tanto para o céu do sentir
quanto no inferno, abaixo no abismo. Sentia-me
inquieto e fui ao bar tomar uma cerveja para ver
se melhorava, quando comecei a sentir uma dor
que não era física, porém psiquica. A mesma dor
ia se intensificando sem que eu identificasse a origem, pois eu estava aparentemente sadio. Até que a dor foi me deprimindo absurdamente sem que
eu entendesse. Ligeui para Estela, uma amiga minha psicóloga a quem eu consultava sempre quando
me via em conflitos desse porte.
-- Alo, Estela?
-- Sim.
-- Querida, tou sentindo uma dor que não é física, não sei o que tá
acontecendo.
--O que você tá sentindo?
-- Pois é. Não sei. Algo me doendo por dentro. Já meditei, já rezei
e não acho causa.
-- Sei como é, uma dor né?
-- Isso, mas me parece na alma.. Não sei mais o que fazer.
Não lembro o conselho que Estela deu-me, não lembro o resto de nossa conversa.
Nem o que ela aconselhou-me, mas como já me batia um desespero,
Resolvi ligar para Sara, coisa que não fazia há muito tempo
pois estava verdadeiramente desiludido com ela.
Liguei num ato de desespero irracional, uma intuição sofrida,
uma quebra consciente no meu orgulho.
Liguei para ela por volta de dez da noite,
sen inaginar como ela me atenderia.
Para minha surpresa, ela estava bastante angustiada, chorando,
e perguntou-me logo se podia vir até mim.
-- Agora?
-- Sim. Eu pego um taxi. Vou tomar um banho rápido e já desço, pode ser? Chegando ai embaixo
eu te ligo e voce me busca.
Cerca de uma hora após ela chegava; desci e ao vê-la
somente consegui ,mudo, abraçá-la solidário e surpreso.
Ela tiinha um monte de pedaços de esparadrapos nas orelhas. |