Poema Top Secret Para Julien Assange
“Sou uma sombra! Venho de outras eras” – Augusto dos Anjos
“Eu estou na minha sombra e não vou em mim.” – Almada Negreiros
“Minha alma é uma orquestra oculta” – Bernardo Soares.
Meus documentos secretos foram surrupiados
Por um agente secreto
Que se esconde dentro da minha cabeça...
O Agente colocou escutas, câmeras, telefones grampeados
Em toda parte da muralha de concreto
Com que escondia minhas idéias avessas...
O Agente Secreto ofereceu os documentos
Para dispor no Wikileaks!
Mas, o fato é que meus segredos de pensamentos,
Pouco valem além duns pessoais trambiques!...
O Agente Secreto que perscruta minha verdadeira identidade...
Mas num átimo de desejo vingativo,
Descobri do Agente Secreto seu nome de verdade,
Descobri o segredo de seus atos imperativos!...
Descobri que ele agia em favor dos governos, dos estados,
Descobri que ele agia pela manutenção da ordem, da lei,
Descobri os interesses escusos de seus atos e mandados,
Descobri tudo e agora que tudo sei...
Sinto-me pequeno, amorfo, sem profundidade,
Sinto-me perdido, como um estrangeiro no deserto,
Sinto-me sem ter a quem recorrer, denunciar, falar a verdade...
Sinto-me, enfim, como se tivesse uma bala de canhão incrustada no peito aberto!
Meu caro Julien Assange,
Sou um homem-máquina, sigo a corrente,
Quisera eu poder dar a revanche,
Quisera eu poder controlar minha própria mente!
Estou no meio duma guerra fria,
Estou sendo vigiado e filmado,
Estou me virando como um duplo de prioridades vazias,
Estou escondendo os documentos encontrados!...
Admiro o Julien Assange,
Pesquiso no Wikileaks,
Meu desejo é que um dia se revele o terrível segredo,
O mais difícil e mais buscado, o que mais dá medo....
O segredo que flui como o Ganges...
O segredo que atormentava rebeldes, revolucionários, monges, ascetas e beatniks...
Tenho cá comigo, guardado em meu coração,
Uma cópia desse terrível documento,
É um mapa antigo, muito antigo, de antiga geração...
Neste mapa se acha o caminho, qualquer caminho, todo caminho de qualquer momento
Que vai até o centro de si mesmo,
E os que não sabem ler esse mapa,
Ficam trocando ofensas e tapas,
E ficam caminhando a esmo!
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