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Poesias-->O Replicante -- 10/10/2010 - 14:55 (Jayro Luna) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O Replicante

A Roy Batty, Deckard, P.D. Ouspensky e Wagner de Assis.

“Dissolva-se portanto minha vida, Igualmente a uma célula caída” Augusto dos Anjos

“A questão que se coloca aqui é saber qual é o fundo da alma” Frithjof Schuon

“Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sempre, tal é a lei.” Alan Kardec



Há uma onde de espiritismo no cinema brasileiro e por aí...

Chico Xavier, Nosso Lar...

Aos filmes assisti,

Fiquei muito a pensar!



Analisei minha existência material,

Analisei meus sonhos e conduta.

Analisei os meus caminhos de bem e mal,

Analisei meu percurso de luta...



Anáforas de minha vida,

Metáforas de meus sonhos,

Metonímias das derrotas sofridas,

Hipérboles de meus planos medonhos!...



Muitos são os que crêem na transubstanciação da Alma,

Na reencarnação,

Na passagem, seja violenta ou calma,

De que essa vida é representação!...



Do Oriente ao Ocidente,

Da Aurora ao Rosicler,

No Zênite, no Nadir resplandecente,

Passa minha vida como um fecho-eclair!...



As almas pecadoras vão para o Umbral?

Existe ao que muitos asseguram o Purgatório,

E Dante já preconizava acerca da entrada infernal!

Ajoelharei diante dum oratório...



Mas meu balanço é negativo na espiritualidade...

Não que tenha cometido falcatruas ou crimes diversos,

Sou um cidadão de razoável confiabilidade,

Mas tenho razões para contabilizar pouco além duns poucos versos!



Criei uma teoria da existência Humana, meu caro Schuon,

Não é lá tão fluente quanto a Religio Perennis,

Estudei muito acerca da Simbologia, admirável Guénon,

Andei por aí até furar a sola de meu tênis!...



Li o Evangelho Segundo Alan Kardec,

Busquei a biografia de outros cristos, como Apolônio de Tiana,

Abri várias possibilidades no religioso leque,

Místico, esotérico, roza-cruz, paganismo e outras coisas profanas...



Felizmente não vivo na Idade Média,

Decerto, penso, seria levado à fogueira!

Minhas heresias comporiam uma enciclopédia!

Uma Alquimia ineficiente e aventureira!



Pela minha teoria, de fato, existe a transubstanciação

Mas apenas para os que tem alma imortal,

Porque, suponho com relativa convicção,

Que nem todos tem esse bem divinal!



Nesse mundo de matéria, Maya, aparências,

Que a Física moderna confirma a ilusão da matéria!

De que tudo é vazio, vibração somente mostra a Ciência!

Alguns são só seres desse mundo, sem transcendência, só miséria!



Sou um replicante, confesso!

Não tenho alma, nem talvez espírito, apenas pensamentos,

Vago pela existência temporal, sem maiores progressos,

Misturando lembranças vagas, histórias vazias, muitos lamentos!...



Minha mente é uma mistura de coisas que li nesta vida,

De coisas que senti, de fatos obtusos sem grande significação,

Sou figurante, coadjuvante no cenário das grandes lidas,

Paralelismo ineficaz da principal ação!



Componho o cast apenas,

Recebo ao final um cachê simbólico e desigual,

Estou aqui para ver e aplaudir ou vaiar com suas melenas

Os heróis, os semideuses, os dotados de alma e valor real!



Aprendi a crer, como aprendo a ler ou contar,

Minha fé é o resultado dum aprendizado pedagógico,

Minha vontade é um fingir de acreditar,

Meu discurso, continuamente, se desmascara demagógico!



Ao final de tudo,

Meu ajuntamento de átomos, moléculas, células,

Se desagregará, não me iludo,

Meu software inoperante, cheio de vírus, poeira, fécula...



Os números dos infindáveis documentos oficiais,

O registro nas câmeras de trânsito, de shoppings, de repartições,

Os meus textos mal ajambrados, ineligíveis, abissais,

Meus parcos bens, dívidas, raros, raríssimos momentos ficarão nos corações!...



Nos corações dos que tem alma,

Dos que reencarnarão ou subirão enfim à morada celeste,

E talvez façam um registro qualquer de minha passagem de traumas,

De minha luta inconsolável para figurar no grande Almageste!



Por isso, minhas preces, meus pedidos espirituais,

Nunca são atendidos, ou se são, não reconheço, não vejo,

Pois para ver é preciso ter fé verdadeira, valores naturais,

Não os tenho, sofro por isso, reconheço, resta-me o desejo!



Eis a razão de meus planos megalômanos, mesquinhos, ridículos

Caírem no vazio da inconcretude, matéria opaca,

Estou nalgum lugar incerto entre o ponto e o círculo,

Guardando numa mala velha meus cacos com goma laca!



Assim, nunca vi nada de sobrenatural,

Nunca um espírito conversou comigo ou se me apresentou em figura,

Nunca tive pressentimentos que se confirmaram afinal,

Jamais, jamais tive sonhos de premonição ou avisos de coisas futuras...



Essas coisas só acontecem para quem tem alma imortal,

Para os eleitos que subirão aos céus,

A mim, matéria agregada ocasionalmente de modo quase surreal,

Resta o seguir uma estrada sinuosa que leva ao cadafalso dos réus!





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