Pepita era a raínha das gatinhas.De ascendência espanhola, palpitava-lhe no sangue a quentura das castanholas,o bailar sapateado do flamengo.Toda ela era entumescimento.Raptada, não como sabina, mas como Pepa, veio para o doce Minho engatar os másculos e sempre erectos machos/gatos portugueses.Muito dócil, cheia de denguices,lambedora e comilona, a gatinha Pepa conquistou o Tourido.Um dia desapareceu, fez-se à vida.Foi vista três meses depois, teve de regressar.Foi aí que se transformou, tal qual cisne, desabrochou, e do cio ficaram três lindos gatinhos.Já cansadinha de tanto cirandar, a Pepa resolveu afastar-se e entregar-se ao infinito.Mas deixou uma réplica: muito mais contumaz.Olho azul,tez tingida de dourado,corpo serpenteado, uma estampa de gatinha!O gatil ficou atento.Foi-se a mãe, mas vem a filha, ainda mais dengosa, mais aficionada dos jogos eróticos.Em Fevereiro, vibrou e fez vibrar!A gatada estava em rubro: gata mais lambona nunca viram!O namorado mais firme que lhe conheceram foi o Largadère, cheio de tusa, corpinho danone sem pedaços, uma gulosura!Virge Maria!Mas Pepita fez-se difícil, a lei assim o determina, afastar para pegar.Foi difícil mesmo...aquele gato era uma tentação dos diachos!Encontrei-os em colante marmelaço no forninho que tenho, mesmo ao pé da futura churrasqueira.Fiquei para morrer, era tanto o seu "chamego"...dor de cotovelo?Não, talvez a ideia de manter os bons costumes estivesse a prevalecer...Ah Pepita do danado, tu rebolavas,agitavas, o teu olhinho vibrava, estavas no ponto vermelhaço!E o gato Largadère, com seu olho malhadito,estava em êxtase com a tua arte!
Deixei-vos viver esses momentos de loucura e avidez, deixei-vos compactuar com a juventude dos devaneios, porque"Noblesse oblige"já era!Resultado?Mais três gatos...lindérrimos!Foram raptados numa manhã de nevoeiro, que nem português viu!Pepita manteve-se firme e hirta no seu reinado.Lá continua no seu ofício de carinho e acolhimento.Ainda bela, não há gato que não a corteje!Mais madura, Pepita selecciona os seus machos...mas em noite de luar é vê-la a amar, com tesão,melaço,arranhaduras.No ouvidinho ronrona:faz-me gozar como nunca!Esquece-se então da sua condição e pensa que é a primeira vez:arrepiante, afrodisíaco,perigosamente comprometedor e cúmplice.Quem a vê neste estádio de erotismo julga que é uma mulher!
Elvira:) |