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Artigos-->Revolucionar a vida cotidiana -- 23/04/2001 - 23:37 (José Pedro Antunes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
[sobre a INTERNACIONAL SITUACIONISTA, texto informativo de um site especializado]

Traduzido do francês por zé pedro antunes





Fundada em 1952, a Internationale Situationniste (IS) defende a construção de situações, quer dizer, a construção concreta de ambiências momentâneas da vida e sua transformação em qualidade passional superior. Grupo organizado de teóricos e experimentadores, o movimento tem por base o principio de uma revolução permanente da vida cotidiana, estando na origem da revolta de maio de 1968 na França.

Concretamente, a IS convida o cidadão a criar situações dignas do seu desejo, a fim de tornar a vida apaixonante. Isto supõe, aos olhos dos situacionistas, uma completa liberação social. Assim, eles se opõem à sociedade e ao capital, que organiza o reino da mercadoria e inflige aos homens uma existência de "sobrevivência" (a vida reduzida ao consumível).

Neste mundo às avessas, que privilegia o trabalho, o dinheiro e o poder, a IS propõe o gozo como meio radical de subversão: Não haverá emancipação do proletariado sem emancipação real dos prazeres. Eis porque os situacionistas sustentam todas as formas da liberdade dos costumes, tudo o que a canalha burguesa ou burocrática chama de deboche. Fica evidentemente excluída, segundo eles, a idéia de que, pelo ascetismo, seria possível preparar a revolução da vida cotidiana. Mas a IS fecha a guarda contra os prazeres mercantilizados, decorrentes principalmente de uma proletarização do gozo, não de sua liberação.

Os situacionistas denunciam, aliás, o mito da sociedade do lazer. Nele, não vêem senão um modo suplementar de produção-consumo do espaço-tempo social. Se se reduz o tempo de trabalho produtivo, aumenta o tempo dedicado ao consumo, o que incita o indivíduo a produzir cada vez mais. Nesta concepção alienante de sociedade, o trabalho é o alfa e o ômega da vida. Os situacionistas lhe opõem o gozo e sua arma absoluta, a gratuidade: trata-se de substituir a doação pela troca comercial.



ARTE E POLÍTICA



A IS considera-se o mais alto grau da consciência revolucionária internacional. Em meados dos anos 60, depois de terem tomado o existencialismo como vidraça (Sartre, o inqualificável; Heidegger, pobre nazista), os situacionistas denunciam a velhacaria maoísta e a catequese leninista. Põem às claras a hipocrisia do socialismo, pois as vitórias da vida social sempre foram as da mercadoria. Mas a IS rejeita a etiqueta de movimento político: ela contesta toda forma de poder hierarquizado e renuncia a ter discípulos. Mas os situacionistas admitem desempenhar um papel político, na medida em que contribuem para a irredutível vontade de emancipação do proletariado.

Tomada desde sua criação como aliada pelos artistas plásticos de vanguarda do letrismo e do grupo Cobra, a IS se coloca ainda como o único movimento capaz de responder ao projeto do artista autêntico. Os situacionistas vêem na arte uma riqueza de elementos que nos transcendem (dépassement), uma explosão que ameaça as estruturas da sociedade. Eles querem colocar o equipamento material à disposição da criatividade de todos, como, no momento da revolução, as massas em toda parte se esforçam por fazê-lo. Nos primeiros anos de sua existência, a IS se manifesta essencialmente pela atividade de seus artistas: o italiano Pinot Gallizio, o dinamarquês Asger Jorn, o holandês Constat...



DEBORD E VANEIGEM



Fundador da IS, o francês Guy Debord (1931-1994) é o autor de A sociedade do espetáculo (1967), sem dúvida um dos grandes textos sobre o capitalismo contemporâneo e seu sistema de ilusões. Debord concebe a obra como uma crítica do reino irresponsável da mercadoria e dos métodos dos governos modernos. Vinte anos depois da publicação de A sociedade do espetáculo, seu autor constata que os fatos lhe deram razão: eis aí, portanto, uma sociedade que se anuncia democrática, ao atingir o estágio do espetacular integrado... Uma sociedade que põe em cena um consenso falacioso: É a primeira vez na Europa contemporânea - afirma ele em seus "Comentários sobre a sociedade do espetáculo" (1988) -, que nenhum partido ou fragmento de partido mais tenta pretender apenas que vai tentar mudar alguma coisa de importante. Outro grande teórico da IS, o ensaísta belga Raoul Vaneigem colocou em seu "Traité de savoir-vivre à l usage des jeunes générations" (Tratado do bem-viver para uso das novas gerações), de 1967, alguns dos grandes princípios do movimento: recusa radical da sociedade de consumo, denúncia de suas coerções e de sua tendência à uniformização, combate ecológico com uma preocupação liberadora... Em Le livre des plaisirs (O livro dos prazeres), de 1979, ele convida os vivos ao gozo sem contrapartida, para acabar de uma vez por todas com uma civilização mercantil em vias de desmoronamento.





INSPIRAÇÕES SITUACIONISTAS



Os situacionistas rejeitam toda ideologia e, mais ainda, as organizações delas provenientes (aparelhos, partidos e sindicatos), com o poder que a elas se acha relacionado. Daí, a preocupação em buscar inspiração em fontes múltiplas e distintas: Hegel, Fourier, Clausewitz, Marx, Baltasar Gracian, Gyorgy Lukács, Omar Khayyam, Sade, Lautréamont, Babeuf, Lacenaire, Stirner, Léhautier, Vaillant, Henry, Villa, Zapata, Makhno... Sem esquecer o álcool e "13, rue de l Espoir", HQ sentimental publicada pelo "France Soir" nos anos 60.

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