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Poesias-->MANHÃ DEFUNTA -- 23/08/2010 - 15:07 (FERNANDO PELLISOLI) |
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Como eu posso sorrir
Se o mundo me despeja num lixão
Da emoção que não é absolutamente crível
Nesta fatídica manhã defunta?
Eu sou feliz na minha infelicidade
No meu choro incivil e melindroso
Onde a rainha infrutífera da melancolia
Rodeia-me no inverno e no verão.
A tristeza dos meus versos
É o motivo de eu ir embora deste mundo
Se tudo não faz sentido
[na minha vida oca e inglória?
II
Mas se o impossível é possível
(na plenitude da minha insatisfação)
Eu quero – na minha tragédia – encontrar a glória
De ser feliz na minha infelicidade
O meu poema não é de cristal
Nem o seu contorno é revestido de mármore:
Eu vivo a minha desumanidade
Nas frutoses podres e instantâneas!
O silêncio se perde
Na gargalhada obscena da mediocridade
Onde a minha invontade de ser um mau poeta
[aguarda o reencontro no vácuo...
(por Fernando Gomes)
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