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cronicas-->A EDUCAÇÃO DOMÉSTICA -- 28/01/2006 - 15:21 (Francisco Miguel de Moura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A EDUCAÇÃO DOMÉSTICA

Francisco Miguel de Moura*


Quase todos nós passamos por situações embaraçosas, pelo menos uma vez. Na vida social, as gafes são pequenos acontecimentos insólitos, inusuais, que ficam registrados, em nossas mentes, uns divertidos, outros aborrecidos e chatos, e, algumas vezes, em anotações e livros de memória.
Entre os engraçados para nós - chato apenas para o protagonista - conta-se o caso anedótico de um sujeito, rico e analfabeto, em excursão pelo exterior. Não sabendo falar a língua do país, teria pedido uma certa comida através de gestos, apontando o nome no cardápio, aleatoriamente. Ao chegar-lhe o pedido, espanta-se: é uma bruta feijoada, daquelas do Nordeste.
Seu vizinho de mesa, entretanto, ao dizer a palavra «bis», consegue imediatamente um prato bonito e delicioso.
Foi assim que o nosso matuto animou-se a pedir o prato do vizinho e sibila a palavra misteriosa, para novamente ter diante de si a mesma feijoada que acabara de comer.
Não sei o desfecho da historinha. Mas, a bem da verdade, não interessará muito. A moral de qualquer anedota é o riso e nada mais. Porém, no bojo do equívoco chistoso, conto uma situação embaraçosa, real, acontecida comigo mesmo, ainda quando trabalhava no Banco do Brasil, serviço externo, colhendo algumas informações cadastrais.
Nesse mister, abordava determinadas pessoas idóneas, tidas como informantes, já clientes na carteira de crédito, fosse na área agrícola ou comercial.
Ao entrevistar um determinado senhor, fui-lhe estirando a mão, como era do meu costume, por simples cortesia. E esperei alguns segundos de mão estirada no ar.
- Não pego na mão de todo mundo! disse-me ele, rispidamente. E continuou sentado, mexendo em alguns papéis do seu escritório.
Recolhi meu instrumento precioso de trabalho - a mão - e, para não ficar com a cara mexendo, feito algum abestalhado, sapequei-lhe a pergunta mais ingênua e simples que pude:
- Por quê?
Não me respondeu, que poderia responder? nem pediu desculpa pelo seu gesto e por suas palavras. Ao contrário, fez ouvido de mercador à minha inquirição e retira-se para outro assunto.
Alguns minutos depois de ter saído da situação humilhante, uma das minhas maiores decepções humanas, e da presença do homem - pensei melhor. Adverti-me de que bem lhe poderia ter respondido à altura com outra pergunta, mesmo rindo, como esta:
- Sua mão está cagada, por acaso? Desculpe-me, eu não sabia.
Teria, certamente, recebido um tremendo soco no rosto ou no pé-do-ouvido, pois o «cara» tinha fama de bruto mesmo. Era um policial reformado, mas mesmo assim, policial. E os policiais andam armados sempre, mesmo quando se aposentam. A outra hipótese menos otimista era pegar um tiro no olho.
Foi bom ter falta de «espírito» naquele instante. Só assim continuo com minha vidinha de bancário «frouxo», hoje aposentado, e, com muita razão, podendo ficar a contar o episódio.
Talvez o que ele quis dizer-me com o seu gesto de mal-educado tenha sido isto:
- Fora, seu amarelo! Você faz parte daquele banco ladrão que mandou meu título a protesto. Não quero conversa.
E teria sido muito mais grosso, porém menos mal-educado.
Mas educação não é coisa pra todo o mundo. Uma parte dela é adquirida na escola, na vida, na sociedade. Outra parte, a mais firme, a mais valiosa, vem do berço. É a chamada educação doméstica.


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*Francisco Miguel de Moura, escritor brasileiro, mora em Teresina, e-mail: franciscomigueldemoura@superig.com.br

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