ANTONIO
De repente, o dia ficava mais claro e se fosse noite, parecia que a lua alumiava mais. Tudo ficava branco quando êle chegava. Só não acredita, quem não conheceu o Antonio, ou melhor, Toninho, porque assim é que era conhecido.
Nele, o que mais contagiava era o sorriso, de um branco tão branco, que chegava a doer a vista. O claro sorrir, contrastava com a cor da sua pele, mas isso nunca atrapalhou. Ao contrário, só servia para dar à sua alegria a mágica que cativava todo mundo.
Além de tudo, era caçador de mão cheia; de bichos e de mulher. Igual, não existia naquele lugar. Era frequente vê-lo despontar com a caça nos ombros ou no embornal e era mais frequente ainda, suas investidas contra o mulherio do local. E alguém acha que com um sorriso daqueles, elas não se quedavam para o seu lado ?
E olhe que foram só vinte e poucos anos aqui, nesta terra de Deus, mas diga-se de passagem: foram muito bem vividos.
Ainda lembro que no dia de seu enterro, em meio à dor e angústia, por ter-se perdido um tantão de alegria daquela terra, podia-se, observando bem, ver nos cantos do pequeno velório, as moças em lágrimas furtivas, com olhares perdidos além, muito além, talves à se perguntarem: e agora Toninho, o que será feito de nós ?
Riva - 15/01/06 |