Parece que se foi, assaz velho de todo, impossível de suportar, extremamente injusto com os que fazem das tripas coração para sobreviver e, em nome da "liberdade-arranha-paredes" que ensombra as bases das piràmides políticas, revelou-se afrontosamente corrupto e devasso. À execrável carnificina, que um pouco por todo mundo também já empurra decisivamente mulheres e crianças de encontro à s armas, juntou-se a natureza que impiadosamente desabou sobre os mais carentes, ceifando milhares e milhares de vidas sem dar um tiro. Quem bem destinga quanto anódinas e superfluas foram as palavras a classificar os actos, concluirá que o novo ano tenderá a envelhecer rapidamente.
Em Portugal, os casos, ora de corrupção mor, ora de devassidão a vómito, foram reduzidos a pó, faltando apenas soprá-lo para que se diluam de todo. No Brasil, a alvorada da "Fome Zero" bem depressa demonstrou que afinal quem tinha "fome" não eram os mais carentes, mas sim a grandessíssima cambada de corruptos e ineptos que invadiu o poder político: " - Um presidente tem de assumir o bom e o mau que resulta da sua responsabilidade ". "O mensalão é uma invenção". Em suma, num rápido golpe de vista sobre como vai o povo lusófono, de imediato surge um facto incontornável: dentre os que falam português, a submissão emigrante no estrangeiro sobrevive melhor e com mais dignidade do que aqueles que suportam os corruptos que lhes governam as pátrias.
O que esperar, pois, de 2006 ?... Um milagre ?!... Os milagres são raros e quando acontecem, na realidade, acabam por ser sempre mentira: nenhum santo está vivo !...
António Torre da Guia |