Poderia começar com Drummond
- E agora José?
Mas você tem nome. E seu nome é o nome da luta que foi construída por tanta gente.
Gente estranha, é verdade.
Gente que foge à normose.
Zé, você sabe que muita gente honesta, boa, apoia você, confia em você. Porque você comandou um projeto político que é bom para o Brasil.
Não somos os melhores. Nem piores. Melhor é nossa causa. O Thiago disse isso.
Eu não sou perfeita. Quem é? E por não ser perfeita, sempre me pergunto qual o àmago das coisas.
Quero saber das tripas, do sangue, do coração de tudo.
Guenta, Zé. Guenta que a canção vem. Ela já toca e toma acordes vibrantes, quase irascíveis.
Guenta, Zé, que nosso mundo - esse que a gente luta pra construir - tem tudo para ser real.
Eu lembro de minha filha, lá pelos 10 anos de idade, se escondendo na hora da saída da escola, porque eu andava num carro velho. Levei um ano para entender porque ela queria sair tarde.
Era a pressão das colegas, de um grupo que ela convivia que valoriza o ter.
Dessa sociedade estranha que valoriza a imagem que a mídia põe.
No dia em que eu entendi, eu disse a ela: se olha no espelho. Veja o quanto é bela. Você não depende de outros para se ver e se reconhecer bela.
Disse isso com palavras mais duras, mas a essência do que eu queria dizer era isso.
Funcionou.
E eu não sei se você precisa disso, mas eu vou dizer a mesma coisa - se olha no espelho, Zé. E veja na sua imagem a das milhares de pessoas que lutaram, lutam e lutarão por um mundo melhor.
Você não é santo. Nem eu.
Somos humanos, frágeis, erramos, acertamos.
Sua dureza, Zé, nos trouxe onde chegamos.
Seus acertos, mais do que seus erros.
Eu faço questão de registrar isso. Meu abraço. Meras letras para alguns.
Mas nós sabemos que o que estamos construindo nem é para nós. É para o mundo.
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