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Cronicas-->Bom Dia, França -- 16/11/2005 - 06:02 (Marcelino Rodriguez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
BOM DIA , FRANÇA!

Marcelino Rodriguez



Ainda relembro, embora mais distante na realidade do que no tempo, minhas aulas de Francês. Lá estava eu, criança saudável, bonita e boa, aprendendo cultura europeía, condizente com minha origem e idiossincrasia.
_ Bonjour, Monsiuer?
_ Bonjour, Pierre?
- Ça va , Bien?
- Ça Va , Bien Mercy!
A marselhesa civilizatória que cantávamos.
Era uma educação sutil, que introjetava valores e idéias. Aliás, cultura não é informação, mas um "Modus Operandi" de comportamento. Digamos assim: disciplina, ordem, respeito, prioridade, civilidade e honestidade. Quem possui em grau razoável esses valores, possui cultura seja em que tradição for a que esteja submetido. No fim dos anos setenta pouco mais ou menos, para tragédia da educação, trocou-se o modelo francês, voltado para sutilezas, pelos dos americanos, notadamente mercantilista e selvagem. Qualquer pessoa de inteligência média que veja um filme americano com seu stress de uma gente fútil, competitiva, que vivem de piadinhas ou correndo um atrás do outro como se estivessem eternamente se caçando - reparem que filme americano é sempre alguém contra alguém, como selvagens - cansa. Tenho visto filmes europeus e a diferença é brutal. Nos filmes europeus a complexidade, a poesia, a literatura e a arte estão presentes. Entendo que graças a essa educação primeira que tive e depois a que me impus como cidadão, que foi uma prioridade mais nos fundamentos que sobre os adornos ( sei que aqui muita gente vai sair correndo sem entender) fiquei para sempre nos valores perdidos do mundo da cultura: Reverência. Profundidade. Essência. Orgulho saudável. Senso ontológico e cívico. Tudo isso aquela bendita educação francesa deve ter sido a mãe que me embalou. Uma educação funcional, voltada para o senso coletivo "sutil". Não acredito que gente culta viva vendo programas de auditório, de modo geral. Tanta bunda e tanta dança, cansa o cérebro seletivo.
Na prática, essa troca de modelo na educação, trouxe a tragédia de vários matizes que vemos no cotidiano. Acabou a formação do sujeito, que pensa que conhecer "conteúdos" o torna culto. Outro dia tive vontade de disciplinar um sujeito que está "fazendo mestrado" em literatura. Saindo de um evento, perguntei se ele pertencia a alguma comunidade literária.
- Pertenço. Mas no momento tou meio parado. Briguei com a garota. Sabe como é. Tou meio daw. È fase.
Esse é o "futuro mestre de literatura".
Repare que perguntei se ele pertencia a alguma comunidade, não se ele estava mestruado ou coisa parecida. Não me interessaria saber sua individualidade sentimental. Queria saber sua indentidade cívica. Ou seja, se ele funciona como cidadão. Ele está "daw". Assim como os doentes ladrões do setor público estão todos "Daws". Com essa educação que tà aí, americanizada , "dinàmica" melhor seria que tirássemos os jovens das escolas e os levássemos as bibliotecas desérticas ou ao zoológico, uma vez que os próprios professores são precários no que diz respeito a "Fundamentos". Há vários tipos de ladrões no estado, inclusive o daqueles que sabotam o talento alheio. Estou ficando ranzinza. Deve ser ódio sutil aos professores de literatura que não compram livros, ou dos ladrões que dão aulas de cidadania na televisão e nos jornais. Fábrica copiosa de imbecis as escolas modernas do terceiro mundo! Fico pensando nisso ao ver os heróicos franceses fazendo o Chirac criar a "força tarefa do emprego", se não quiser ver uma nova revolução cívica, que foi a reação ao assassinato de jovens emigrantes. Os franceses não vivem de novelas, nem de pagodes, nem de humores. Nem em campos de futebol.
Vivem de república. Tai os carros incendiados! Ninguém tá "daw".
Cria empregos, Chirac!
Bom Dia, França!
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