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Teses_Monologos-->O IRAQUE: a vida num país ocupado (1) -- 08/08/2003 - 05:45 (José Pedro Antunes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
É na paz que se decide a saída do estado de guerra. Só se fala em reconstrução – mas de reconstrução mesmo nada se vê. Aqueles que ocuparam o país não sabem o que fazer. Os saques prosseguem. Uma viagem pelo Iraque.

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Por Ulrich Ladurner [Die Zeit 22/2003]
Trad.: ZPA
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Uma vez ao menos é preciso que se diga de que tamanho é a cidade natal de Saddam Hussein. Tikrit é menor do que Saladim, o Palácio Presidencial que, nela, o ex-ditador fez construir.

É preciso que se diga que esta cidade é um Kaff, pois ela, na verdade, era para ser uma espécie de Stalingrado da Mesopotâmia: Supõe-se que dez mil soldados da Guarda Republicana aqui mantiveram-se entrincheirados.

Eles deveriam impingir aos invasores uma derradeira batalha, aniquiladora, sangrenta, horrorosa, terrível. Tudo isso as pessoas ouviram na televisão, que, em absoluto desespero, aguardava a luta final de Saddam Hussein.

Tikrit não satisfez as expectativas. A cidade deixou passar a oportunidade de entrar para os livros de História. Vontade de lutar, foi o que lhe faltou.

Mas isso passou. Trata-se, agora, do futuro – da reconstrução, e esta deve assumir as mesmas gigantescas proporções da batalha fanada em Tikrit.

O Iraque depois de Saddam Hussein?

Aprendamos com a Alemanha e com o Japão, depois de 1945; estas comparações históricas foram trazidas à baila quando o assunto em pauta passou a ser a reordenação do país em ruínas.

No Iraque, trata-se de algo muito grande, de bilhões do comércio com o petróleo, de estradas por construir, hospitais, escolas e, last but not least, de democracia. Em resumo: Trata-se de um novo Estado – ele deveria, portanto, ser fácil de encontrar.

Em Tikrit, a primeira pessoa a ser encontrada é mulher-soldado Blunt, de pequena estatura. Plantada diante do Palácio Faruk, o segundo Palácio Presidencial, que se supõe ser igualmente maior do que a cidade.

Blunt é pioneira do exército americano, além de expert em construção sob condições difíceis. "As pessoas aqui colaboram", diz ela. "São empreendedoras, e nós vamos avançar!" Private Blunt não diz nada mais concreto, seja por não ter permissão para fazê-lo, seja porque nada de concreto tenha ainda acontecido.

Seria uma maravilha se pudéssemos falar com alguém que tivesse autorização para dizer mais, ou alguém que tivesse uma visão mais panorâmica. Mas isso não é possível, porque tudo só se concebe mesmo em construção, mesmo a instalação do exército americano no interior do Palácio. Não há nada para se saber a respeito da reconstrução em Tikrit. De qualquer modo, nada para se saber do exército americano – e ele, só ele é o poder determinante no Iraque.

Na casa de chá "Cavalaria Árabe", cujo proprietário vive à espreita de fregueses no grande cruzamento de Tikrit, nenhum dos freqüentadores ouviu dizer nada sobre reconstrução.

É claro que todos esperam por ela. Pois ninguém aqui tem trabalho. Afora isso, dizem os fregueses, absolutamente não é verdade que os habitantes de Tikrit tenham tirado proveito da dominação de Saddam Hussein. Naturalmente, a construção dos dois palácios deu trabalho a muitos, por anos a fio.

Na construção do Palácio Saladin, foram onze anos de trabalho. Veio gente do país inteiro, para se colocar a serviço da megalomania de Saddam Hussein. Mas esse foi apenas um episódio. "Oudscha, a aldeia natal de Saddam recebeu tudo", dizia depois, na rua, alguém que não queria identificar-se, por medo dos adeptos de Saddam Hussein. Oudscha hoje está vazia. Todos os moradores da aldeia fugiram de medo dos americanos ou da vingança dos naturais de Tikrit, que por décadas sentiram-se oprimidos por Oudscha. Ninguém aceita ser abordado.

Mas para onde se dirigir, se o que se busca é a reconstrução em Tikrit? O negócio é retornar ao Palácio Presidencial, onde ainda o exército americano se mantém entrincheirado. Mais uma vez, o discurso e a resposta de Private Blunt. É com uma voz alegremente excitada que ela diz: "O senhor venha hoje às seis horas. Vamos detonar o Hotel Tikrit, porque não há mais como salvá-lo. Isso o senhor vai poder fotografar. Vai dar uma foto maravilhosa!"

[continua]

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