quisera eu, amigo,
ser lua, para em teu leito,
quedar-me e esquecer-me do meu sol,
como quem deixa-se na ternura
fraterna dos sentidos
encontrar consolo pra essa ausencia.
mas quem sou para dizer a minha alma
que é outro tempo
que é outra hora
ela - a alma - tem seu proprio julgamento
assim, vou-me, ferida pela propria solidao
que me é inerente
buscar no tempo
a esgotabilidade do momento
é que sou sol
- esse é o erro,
o engano maior que cometi
seria nuvem, estrela, lua cheia.
sendo sol,
perdi-me
esgotei-me
acreditando ser possivel
ainda
encontrar outro sol
- na lua cheia
é que a lua é mansa
- eu sou sereia
e meu canto é agudo, incendeia -
mas, seguramente,
sou maré cheia.
(se voce tenta me alegrar,
é meu amigo. E agradeco) |