Meu Livro
Passava frente ao espelho.
Parei! olhos fixos,
mãos soltas ao longo do corpo,
olhar sem expressão!
Desencantada com o que via,
Senti arder o coração.
Tomei um caderno na mesa,
E um lapis na outra mão,
Farei um resumo completo,
Puro, aberto, sem exceção.
Aponto a mina na folha,
sem saber a que passado recorrer,
se à mais pura e tenra infância,
ou se ao longo amadurecer.
Tentei buscar o remoto,
lembrando de pouca coisa.
Duas bruchas de pano,
Um velocipede de criança,
mais duas ou tres bonecas
era esta minha herança.
Vem surgindo a juventude,
Com arroubos e novidade,
Vem surgindo os primeiros amores
Acompanhando de perto a idade.
Cada um teve seu tempo,
que acabava no devido fim,
nada foi como o de hoje,
trágico amor que mora em mim.
Revelo um grande segredo,
nas paginas brancas do livro,
do grande amor que vivi,
mas não devia ter vivido.
Valentina Fraga
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