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Artigos-->Clonando humanos -- 09/12/2002 - 10:10 (Carlos Luiz de Jesus Pompe) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A Clonaid, empresa ligada à seita dos raelianos, anunciou para dezembro de 2002 o primeiro nascimento de uma criança obtida pela implantação de embriões clonados. As mulheres grávidas com clones são duas americanas, duas asiáticas e uma européia. "Temos cinco gestações em curso e logo nascerá o primeiro bebê, uma menina ", disse a francesa Brigitte Boissilier, em Las Vegas, onde preside a Clonaid.

A seita dos raelianos incentiva a clonagem como forma de a humanidade alcançar a vida eterna. Ela é integrada por seguidores do francês Claude Vorilhon, ex-jornalista automobilístico e ex-piloto de carros de corrida, que diz que, em 13 de dezembro de 1973, presenciou num vulcão situado próximo de Clermont-Ferrand, no centro da França, a aparição de um objeto extraterrestre. Um ser sorridente apareceu e lhe confiou uma mensagem reveladora da verdadeira origem da humanidade. A partir daquele momento, adotou o nome de Raël, que significa "mensageiro". Seus seguidores o consideram "o profeta do terceiro milênio".

Também o médico italiano Severino Antinori anunciou que um clone humano está para nascer, mas em janeiro. "É possível, mas estou muito cética em relação a isso", disse a professora Anne McLaren, do Instituto do Fundo Wellcome do Reino Unido para a Investigação do Câncer, na Universidade de Cambridge. O italiano, aliás, não deu detalhes sobre como foi a clonagem, sobre os pais do bebê ou o país em que foi realizada. "Esperaremos e analisaremos os resultados dos exames de DNA se esse bebê nascer. Espero que não tenha anomalias", comentou Anne, com as ressalvas cabíveis a um cientista diante do novo.

Antinori critica o colega Ian Wilmut, criador da clonagem e da ovelha Dolly: "Ele havia falado que jamais clonaria um embrião humano porque considerava isso monstruoso e agora pede autorização ao governo britânico para fazer clones sob alegação de que é importante para a medicina". De fato, Wilmut pediu à Autoridade de Embriologia e Fertilização Humana o direito de utilizar uma técnica em que um óvulo não-fertilizado é estimulado no laboratório a se desenvolver em um embrião. O procedimento é chamado de partenogênese, que significa "nascimento virgem", e resulta na criação de embriões clonados que se desenvolvem sem a necessidade de que um espermatozóide fecunde o óvulo.



Condenação prévia



Outro terráqueo, mas com a cabeça nos céus, o padre Gino Concetti, um dos principais teólogos do Vaticano, optou por outra abordagem: "Ele (o italiano Antinori) tem só hipóteses e não apresentou provas". Não descartou, portanto, a possibilidade da clonagem: apresentadas "provas", ele acredita, qual são Tomé (que, mais do que ver, quis colocar os dedos nas chagas de Cristo). Pelo sim, pelo não, já adiantou que, "se for verdade, então a Igreja condena isso, pois a clonagem como método de procriação contradiz o princípio bíblico da procriação por meio do casamento". Concetti, cujas opiniões, segundo a imprensa, refletem as do chefe supremo dos católicos romanos, papa João Paulo II, foi mais além e disse que "a clonagem ofende a dignidade do ser humano". Este mesmo argumento era utilizado para impedir qualquer estudo sobre a natureza e o funcionamento do corpo humano, quando a Igreja de Roma tinha poder para isso (o longo período da história ocidental conhecido como "Idade das Trevas", que se estende do século V ao século XV. Seu início foi marcado pela queda do Império Romano do Ocidente, em 476; e o fim, pela tomada de Constantinopla pelos turcos, em 1453. Os humanistas dos séculos XV e XVI afirmavam que durante esse período havia ocorrido na Europa um retrocesso artístico, intelectual, filosófico e institucional, com a destruição dos valores da cultura greco-romana).

A discussão em torno da reprodução da vida é, no mais das vezes, tratada com critérios idealistas - a reprodução de algo sobrenatural, sagrado, intocável. Entre 1877 e 1878, Friedrich Engels escreveu o "Anti-Dühring", onde definiu: "A vida é o modo de existência dos corpos albuminóides e esse meio de existência consiste, essencialmente, no processo de auto-renovação constante dos elementos químicos integrantes desses corpos. Entende-se pela expressão corpos albuminóides, aqueles de que trata a química moderna, que compreende, sob esse nome, todos os corpos complexos, cuja composição é análoga à da albumina normal e que também têm, às vezes, o nome de substâncias protéicas ou proteínas. Essa definição de vida não agrada aos homens, pois a albumina normal é, de todas as substâncias afins, a mais inanimada, a mais passiva, sendo, como a gema do ovo, uma simples substância nutritiva para o germe em gestação. Mas enquanto não nos adiantarmos mais na composição química dos corpos albuminóides, essa denominação será ainda a melhor, por ser a mais geral de todas. (...) Essa definição de vida é, naturalmente, muito insuficiente, porquanto, longe de abranger todas as funções vitais, é obrigada a limitar-se às mais gerais e mais simples. As definições têm sempre um valor científico muito precário. Para se ter um conhecimento verdadeiramente completo do que é a vida, seria preciso relacionar todas as formas em que ela se manifesta, desde a inferior até a superior. Mas, para uso corrente, tais definições são bastante cômodas, havendo casos em que não se pode dispensá-las. Em geral, não têm inconvenientes, desde que não nos esqueçamos de suas inevitáveis lacunas".

Se do ponto de vista do conhecimento científico, muita água rolou desde o fim do século retrasado, do ponto de vista filosófico a abordagem da vida como uma forma de existência da matéria - matéria que consome, expele e se reproduz -, sem apelos "sobrenaturais", extraterrestres, como quer a seita dos raelianos, ou místicos, como pretende o porta-voz do Vaticano, continua com plena validade.



Batalha contra as doenças



Um grupo de biólogos americanos e canadenses está debatendo na Academia de Ciências de Nova York, com a participação de cientistas da Universidade Rockefeller, se recomenda a realização de experimentos com células-tronco que envolveriam a criação de híbridos de humanos com camundongos. As células-tronco são como a argila de todos os tecidos do corpo e suscitam a expectativa de um material polivalente para atacar doenças degenerativas da idade avançada, como mal de Parkinson, câncer e males cardíacos. Por razões éticas, o teste não pode ser realizado com pessoas, por isso o teste com animais. Irving Weissman, especialista em células-tronco da Universidade Stanford, disse que fabricar camundongos com células humanas poderia ser "um experimento de importância enorme".

O pesquisador Fermin Roland Schramm, da Fundação Oswaldo Cruz (RJ), diz que sob o ponto de vista da moral e da ética, não há por que fazer a diferenciação entre a clonagem terapêutica e a reprodutiva. Se é moralmente aceita uma técnica para a produção de órgãos para transplante ou tratamento de doenças como diabete, a que serve para dar a um casal estéril um filho também é legítima e válida. "Não há diferença entre as duas do ponto de vista moral", afirma. Como lembra o professor da faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) Marco Segre, "apesar da ironia, de que estamos brincando de Deus, se não fosse o trabalho científico, não teríamos vencido a batalha contra tantas doenças ao longo dos últimos anos".
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