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Contos-->O Coroné e a Ruiva Indomável -- 11/09/2008 - 14:53 (Rose de Castro) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O Coroné e a Ruiva Indomável

****Este conto é uma homenagem aos meus amigos da Comunidade Verso&Prosa. O amigo que intitulo “coroné” é Romério Romulo e a bela ruiva dominadora “Renata, a dona do pedaço V&P”. ****

No século XIX, a região Norte era dominada pelas oligarquias, sob o comando dos coronéis. A revolução de 30 foi um movimento político que interessou às regiões da Mata, Sul e Centro de Minas. Visava a modernização, renovação dos quadros políticos, contra o poder do fazendeiro, do coronel; contra o mandonismo regional. À região Norte coube a maior resistência aos planos da Aliança Liberal. Montes Claros tornou-se o centro da luta política contra Getúlio Vargas.
Uma época em que as mulheres eram infelizes. Mero instrumento na mãos dos homens. Não possuiam idéias livres porque não eram cuidadosamente educadas e desenvolvidas. A única forma de tecerem seus sonhos era no silêncio dos borbados. Oprimidas, manipuladas e esquecidas, passavam horas ouvindo o canto imaginário da cancão de uma vida que só poderia ser imaginada – e isto, se passasse pelas cabeças repletas de linhas e agulhas. Suas vidas era a continuação de suas ancestrais,
No auge da explosão política entre a Aliança Liberal e o Coronelismo, surgiu então no palco da ebulição política e oligárgica, lá pelos idos de 1902, Iberantina Marquéz de Martins e Passos. Em pouco tempo tempo ficou conhecida com a “Ruiva Indomável”. Sua fama corria por todo Montes Claros. Mulher de sangue quente e dominadora, sua figura era de uma sertaneja agarrada à uma espingarda, sempre pronta para fuzilar o primeiro que lhe aborrecesse. Não tinha medo de nada, muito menos parecia-se com as damas de seu tempo
Conta-se que para fugir à opressão de seu pai casou-se com um boêmio e alcoólatra e assumiu a lida da fazenda. Nesta época ainda se vestia com esmero e belos penteados. Seu marido faleceu muito e cedo e Iberantina ficou viúva com 34 anos. Após 5 anos a bela e rica ruiva casou-se com um figurão, filho de um potentado regional, e teve seu sogro assassinado, logo após o seu casamento. Fez de tudo para descobrir quem havia matado seu sogro. Ao descobrir, matou o reponsável e seu grupo.
A partir daí, ela e o marido tomaram a frente da política de Montes Claros e filiaram-se à Aliança Liberal e fizeram oposição aos coronéis conservadores da região. Foi então que o mais rico coronel da região, Bastosdes de Afranio Guedes e Souza da facção que encabeçava a “Concentração Conservadora” resolveu matar o filho do casal por vingança.
Um dos capangas da Ruiva ao ver o ocorrido, foi o mais rápido possível contar a bela e corajosa Iberantina sobre o que acontecera. Mesmo com grande sofrimento não pensou duas vêzes: Montou em seu cavalo e saiu em disparada com sua espingarda em direção à Fazenda do Coronel. Teve o cuidado de levar um foguete pois sua intenção era matar a todos os Capangas e o coronel Bastosdes.
O que Iberantina não contava é que o coroné, esperto como ele só, já havia armado uma tocaia pois conhecendo a fera indomável, sabia que ela iria querer vingança.
Quando a Bela Ruiva chegou à fazenda já havia um bando aguardando-a. Todos com suas espingargas apontadas para ela. Mas ela não tinha medo. Seu coração estava seco de tanta dor. Só havia ódio em seus olhos azuis faiscantes. De repente apareceu o coroné fortemente armado e gritou:
- Desce desse cavalo, mulher macho! Vamos ver se você tem tanta coragem assim como dizem...
Iberantinha desceu de um pulo só e foi andando em direção ao portão da fazenda e gritou:
- Cornoné de bosta! Pode juntar quantos você quiser porque vou matar você, miserável!
- Você não vai ter tempo de me matar, Ruiva machuda! Não te ensinaram que muié tem que ficar em casa fazendo bordado? Pois deveriam! Não adianta vir com esse nariz empinado. Vou te matar. Teu marido não teve coragem de vir morrer e enviou você? Ele não honra as calças que veste!
- Também vou te matar, coroné safado! Vou atirar entre as suas pernas. Você vai ver o que é morrer e virar vaca. Coroné dos infernos!
Desta vez a Ruiva tinha ido monge. O coroné ficou raivoso e atirou pra valer. O tiro atingiu a barriga de Iberantina. O que ele não sabia é que ela já estava com o foguete escondido nas costas. Ao cair ela pegou o foguete e com raça e coragem, pegou o fósforo, acendeu o foguete e atirou. O coroné ainda teve tempo de atirar mais uma vez, acertando o peito de Iberantina.
Na explosão morreu o coroné e todos os seus capangas. Iberantina, vingada, deu o último suspiro e murmurou baixinho: Não foi no reprodutor do canalha, mas matei todo mundo! Não tenho medo da morte. Vou satisfeita e vingada.
Seus olhos fecharam. A Cidade ficou de luto, porque apesar de tudo, todos admiravam a bela ruiva que mudou a história de Montes Claros. A única mulher que, de acordo com a época, consiguira o que ninguém jamais ousou: Nenhum cabra macho teve um enfrentamento com ele, quanto mais uma bela e ruiva mulher.

Rose de Castro
Ghost Writer e Poeta
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