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Cartas-->carta de adeus... -- 10/09/2001 - 12:30 (Clóvis Luz da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O tempo trouxe surpresas. Teu olhar assim meio esquisito era mais uma arma contra mim do que um alívio pro meu medo. A surpresa era que antes eu pensava coisas bonitas, suaves, infinitas, como as flores, o vento, a silhueta de um beijo apenas visto sob a lua cheia dos amantes.

Agora estou a tempo de perder o pouco de amor que me resta. Quero dá-lo todo a ti, e por inteiro, sem remendos, sem partes coladas, sem entremeios fajutos. Ainda sou homem, creio. Ainda és mulher, suponho. Tuas tantas gargalhadas esnobes, desprezadoras da minha ingênua paixão, não podem significar ter sumido o teu amor feito névoa insignificante.

Eu não era o melhor homem do mundo até ontem? Não dizias que até os dragões me temiam? Que quando eu me levantava todos os meus inimigos fugiam? Que nos teus sonhos sempre eu chegava pra te salvar dos monstros? Hoje sai cedo e beijei teu rosto; talvez não tenhas percebido... Foi-se o tempo dos suspiros, do sorriso radiante, do brilho intenso de olhos que diziam: “te amo!” Ficou no passado a alegria sempre esboçada nos teus lábios quando me vias chegar.

Que tédio é a frieza aliada ao ódio! Uma de mãos dadas com o outro; um se alimentado da outra. Combustível incessante é contra minha sensível alma esse teu medonho descaso. Veja se uma flor suporta não ser admirada...Veja se um pássaro suporta que os ouvidos desprezem seu canto. Veja se as estrelas admitem ser trocadas por pedaços de pau ou por pedras insensíveis. Sim, minha querida, quanta surpresa o tempo me reservou. Não fui talhado para ser um herói. Das tarefas de um Romeu, morrer por amor me aflige sobretudo! Viver em busca de um sonho me parece ainda mais absurdo. Deixo então que os teus sentimentos se vinguem de mim; não quero mais ser uma pálida evocação de um ente grandioso que em nada se tornou. O ser e o nada. O ser e o tempo. O tempo e o vento. Como folhas que se descobrem indefesas ao sussurro da chuva. Eu sou uma folha. Tchau, amor. Adeus minha deusa. Vou pra algum lugar desse universo; um dia chego aonde queres que eu vá. O inferno não existe? Prefiro o paraíso...
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