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Artigos-->O desafio do conhecimento -- 02/12/2002 - 09:25 (Carlos Luiz de Jesus Pompe) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A realidade é conhecível. Este é um postulado básico da concepção materialista dialética. O mundo é objetivo e suas leis, que podem ser conhecidas, independem do conhecimento e da vontade dos seres humanos. Dito assim, parece simples, mas esta conclusão é até hoje contestada pelos que advogam a concepção idealista da história. Os materialistas dialéticos consideram que as leis objetivas podem ser conhecidas e que as pessoas, conhecendo essas leis e as condições de sua aplicação, podem atuar sobre a realidade buscando seus objetivos. É a busca deste conhecimento e destas condições que estão possibilitando aos cientistas, por exemplo, clonar e alterar a composição de seres vivos.

Nem por considerar a realidade conhecível, os materialistas dialéticos deixam de reconhecer que o real não será totalmente abarcado pelo saber. O movimento da realidade é infinito e jamais será ultrapassado pelo conhecimento e este jamais estará acabado, definitivo. Vladimir Lenin (1870-1924) indicava que, para o materialista dialético, "o mundo é mais rico, mais vivo e mais variado do que parece, porque cada passo do desenvolvimento da ciência descobre nele novos aspectos". Ele escreveu, em "Materialismo e empirocriticismo" (1908), que "as nossas sensações são imagens da única e última realidade objetiva - última não no sentido de que ela é já conhecida até ao fim, mas no sentido de que não existe nem pode existir outra senão ela. Este ponto de vista fecha irrevogavelmente a porta não só a todo o fideísmo, mas também à escolástica professoral que, não vendo na realidade objetiva a fonte das nossas sensações, deduz por meio de artificiosas construções verbais o conceito de objetivo como algo de significado universal, socialmente organizado, etc., etc., sem ser capaz, e freqüentemente sem querer, separar a verdade objetiva da doutrina dos duendes e elfos".

Diferente é o ponto de vista dos agnósticos, que também abordam a limitação do conhecimento. A palavra agnóstico tem raiz grega (a - não, privado; gnostikós - conhecimento) e foi adotada pelo companheiro e grande divulgador de Charles Darwin, o também cientista e professor Thomas Henry Huxley (1825-1895), em 1869, para referir-se ao contraste entre sua própria ignorância e o pretenso saber que o grupo cristão Gnóstico, que existiu no segundo e terceiro séculos, afirmava ter sobre o mundo. Os gnósticos criam que a salvação da alma seria alcançada através do conhecimento dos mistérios do universo e dos desígnios de Deus.

O termo agnosticismo é geralmente usado para expressar a atitude de dúvida de estudiosos a respeito da possibilidade do homem conhecer a realidade que o cerca. No debate com os teólogos, os agnósticos recusam a possibilidade de Deus e o sentido da vida serem conhecidos e atacam os religiosos por arvorarem-se porta-vozes de Deus. Huxley contou que seus colegas pensadores "estavam seguros de ter alcançado uma certa gnose (conhecimento) - tinham resolvido de forma mais ou menos bem sucedida o problema da existência, enquanto eu estava bem certo de que não tinha, e estava bastante convicto de que o problema era insolúvel". O termo era "sugestivamente antitético aos gnósticos da história da Igreja, que professavam saber tanto sobre exatamente as coisas a respeito das quais eu era ignorante..."



Visão idealista



Huxley também foi eloqüente a respeito da impossibilidade do conhecimento ser definitivo: "Para todo homem o mundo é tão novo como era no primeiro dia e tão cheio de novidades não contadas para quem tem olhos de vê-las", escreveu em "Uma educação liberal". Mas os agnósticos não vão além das sensações, não consideram ser possível saber nada de seguro sobre a fonte ou o original das sensações.

Muitos dos agnósticos atuais destacam-se pelo voluntarismo (a vontade está acima da inteligência), o nominalismo (só o conhecimento intuitivo é válido; os demais são meros pensamentos, teorias ou hipóteses), a finitude (a vida humana não tem um sentido transcendente), a carência de fundamento (tudo é imprevisível), o historicismo (o homem é o que se faz), o relativismo (Comte escreveu que "o único absoluto é que tudo é relativo"), a tolerância (não existem verdades, mas projetos pessoais). Para eles, o diálogo é o critério da verdade (para os materialistas dialéticos, a prática é o critério da verdade), a convivência social se baseia no sentimentalismo (e não em laços racionais). São niilistas e amorais (na esfera privada tudo vale, na esfera pública, deve-se não molestar aos demais, não alterar o ritmo da vida). Geralmente o agnóstico é agressivo com os religiosos, porque se considera por eles agredido — os crentes não admitem a existência de não crentes e, assim, não admitem a liberdade dos demais.

Para os materialistas dialéticos, o conhecimento possibilita fortalecimento e liberação. Friedrich Engels (1820-1895), um dos fundadores desta corrente filosófica, e que considerava Huxley um materialista "envergonhado", afirmava que "liberdade é a consciência da necessidade".

O processo de estudo e acompanhamento da realidade possibilita à pessoa pensar por si própria, ter responsabilidade pelas próprias ações, construir uma compreensão própria do mundo e do destino. Com o conhecimento que esse caminho apresenta, é possível optar por mudanças e viver intensamente. Buscar compreender o mundo como realmente é, sem monstros ou fantasmas, demônios ou deuses, e transformá-lo a serviço do desenvolvimento humano é o empreendimento dos materialistas dialéticos.
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