A velocidade no tempo e no espaço!
Mais veloz que o vento, meu pensamento.
A velocidade de pensar, me deixa parado.
Fixo no meu tempo, me encontro perdido!
Um mapa, por favor!
Preciso me achar, saber para onde ir.
Devem existir motivos para minha ausência lá fora.
Meu nome soa em algumas bocas. Parcas lembranças!
Onde andará o cara que contava piadas sem graça?
O que estará fazendo o sujeito que sempre tinha uma idéia?
E o que estará vivendo aquele defensor do romantismo?
Estou aqui!
Embora estático, estou aqui!
Sorriso franco no rosto e uma pontada no coração!
Dói muito, sabia? - Mas isso tudo passa...
Tempestades se formam do nada e por onde caminham, causam pànico, destruição e muitas percas.
Mas elas passam, e depois, o sol interage e a vida se faz bela uma vez mais.
Tem sido assim ao longo dos séculos. Por que seria diferente agora?
Dúvidas cruéis invadem meus neurónios!
Faço discursos memoráveis para minha consciência!
E descubro o quanto já consegui aprender pela vida afora.
De que me adianta tanto saber? Estou estático e só!
As paredes não falam!
O relógio segue seu destino de pontear as horas.
E eu olho pela janela o lugar mais distante que minha visão alcança!
É para lá que devo ir. Mas uma força estranha me segura!
ímpetos estagnados! Desejos reprimidos! Vontades que ficam apenas em vontades!
Uma música singra o ar. A melodia me toca profundamente mas as palavras em inglês são todas incompreensíveis!...
Que dirá a poesia musical para o meu ser?
Apenas me deixo sentir!
E as portas do meu coração se abrem um pouco, como se alguém viesse espiar lá fora.
Ainda é tempo! Me diz uma voz interior.
Ainda é tempo de sorrir e de acolher!
Ainda é tempo, apesar de tudo, de voltar a viver!
Ainda é tempo de dar tempo ao tempo. Deixar rolar!..
O horizonte está lá! E amanhã, cedinho, o sol surgirá através dele como imponente manequim!
A vida toda!...
Todas as vidas, dele dependem e por ele exaltam o admirável sentido de viver.
Ainda é tempo de amar!
De amar de verdade uma vez mais!
Duas ou três, se preciso for!...
Mas ainda e sempre, é tempo de amar!
Tempo de amar a si mesmo!
De amar a natureza, todas as coisas sagradas...
Tempo de amar alguém que necessite de amor.
Tempo de amar alguém que também saiba amar.
Pode apostar!
Ainda é e sempre será tempo!
A música termina e um silêncio misterioso paira no ar!
Estou aqui ainda! Estático e olhando o distante!
O que fazer? Me pergunto!
Respiro fundo e dou o primeiro passo.
Olho de soslaio o relógio e me surpreendo do quanto os ponteiros caminharam.
Estive aqui o tempo todo, no entanto, meu pensamento, que é mais rápido que o vento, cavalgou num pégasus puro sangue e longe se foi.
É quase como sonhar! Tudo sem muito sentido.
Sinais em tempo real de coisas irreais, desconexas e complicadas.
Mas ainda assim, eis-me aqui vivo, palpitando e pensando.
Enquanto essa inexplicável jornada acontecia, minha cadeia de neurónios se entrelaçava, dilatava e tentava ordenar todos os sentidos da razão.
Aprendi muito ao longo da vida. Mas descubro que é tão pouco ou quase nada, que definitivamente posso afirmar que nada sei!
Não sei muito a meu próprio respeito!
Não sei de onde vim, nem ao certo para o que vim.
Não sei direito onde estou e o que tenho por fazer.
Não sei para onde vou!
Só sei que estou aqui, estático e pensativo.
Respiro fundo outra vez!
E aquela mesma voz, agora ecoa pela razão dizendo:
Apesar de tudo, ainda é tempo de viver com alegria e ser feliz!
