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Artigos-->Questão de pele e de dinheiro -- 25/11/2002 - 09:33 (Carlos Luiz de Jesus Pompe) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Há quem estampe um ar de superioridade. Há grupos que se consideram superiores. Há povos que se crêem superiores. A cor da pele, a cultura, os costumes, a força, uma pretensa escolha divina... Os motivos são diversos e muitos para o preconceito, inúmeras as explicações para julgar o diferente inferior.

O enfrentamento à discriminação e ao preconceito é realizado de variadas formas: políticas, culturais, reivindicativas. As chamadas "ações afirmativas", a exigência de cotas para determinados setores sociais, as manifestações de rua e mesmo atividades lúdicas têm sido utilizadas como recursos para o combate aos vários tipos de segregação. A instituição de datas dedicadas ao tema serve para pautar o seu debate. No Brasil, desde 1978 o 20 de novembro marca o Dia Nacional da Consciência Negra - a data refere-se ao presumível dia de 1695 em que foi executado Zumbi, líder do quilombo dos Palmares. 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos, é outro momento utilizado para reafirmar a igualdade, sem discriminações, entre as gentes.

O racismo é a atitude social que pretende que as características (especialmente pessoais e sociais) de um indivíduo têm de se conformar àquelas que se pensa (geralmente sem evidência) serem típicas do grupo ao qual o indivíduo pertence, sem levar em conta a existência de variação individual. Não é de modo nenhum fundado sobre o conceito da evolução. Divergência evolutiva em características tais como cor da pele não implica que outras características, como a inteligência, tenham divergido.

"Raça" seria a diferenciação de um grupo de pessoas com a mesma ascendência e com características físicas comuns, como a cor da pele e o aspecto do cabelo, em relação a outros grupos de pessoas. A definição não tem base biológica. A Biologia só identificou uma raça: a humana.



Orgulho e preconceito



A intolerância em relação às práticas e convicções do "outro", do que é diferente, expressa o preconceito. Comportamentos intolerantes resultam, muitas vezes, em atos violentos contra quem é ou pensa diferente. Outra expressão do preconceito é a discriminação, o desprezo e exclusão do "outro". Os comportamentos discriminatórios por parte dos grupos que se consideram "superiores" tendem a excluir da sociedade outros grupos, impedindo-lhes o livre acesso a alguns postos de trabalho e até à utilização de certos serviços. A xenofobia, o medo (fobia) ou um forte desagrado por estranhos ou por alguém estrangeiro ou diferente, está, no mais das vezes, intimamente ligada ao de racismo. O ódio a judeus ou árabes e palestinos marca ainda de forma violenta o cenário político mundial. Diferentes classes dominantes e opressoras se valem desses sentimentos para manter e expandir seu poder, incitando o rancor entre diferentes grupos e pessoas.

A diferença da cor da pele tem sido utilizada com freqüência como fonte de discriminação. A escravização dos negros ou o regime de apartheid, que só terminou no final do século passado na África do Sul e que dividiu o país e as suas estruturas entre brancos e negros, são exemplos por demais marcantes.

Num de seus escritos, Karl Marx nota: "Um negro é um negro, só em determinadas circunstâncias é um escravo". As circunstâncias, por séculos seguidos, impuseram aos negros a condição de escravos. No Brasil, somente na segunda metade do século retrasado a escravidão dos negros foi formalmente abolida e, em boa parte, substituída pela escravidão assalariada desses mesmos negros que, ao lado de pessoas de outras origens e pigmentação, continuaram (e continuam) a sustentar, com seu trabalho, a opulência de uma sociedade injusta, baseada na exploração. Mesmo com companheiros de infortúnio de outras cores, os negros continuam discriminados. Trabalhadores brancos recebem em média 3,8 salários mínimos por mês, já os negros ganham 2 mínimos. Entre os pardos, a média é 1,8 mínimo. A informação é do Dieese/Seade. No primeiro semestre, o desemprego medido pelo Dieese atingiu 23,9% entre negros na cidade de São Paulo, contra 16,7% entre brancos. No sudeste, o rendimento dos brancos foi de 4,5 salários mínimos em 2001, contra 2,3 dos negros e 2,2 dos pardos. Negros e pardos trabalham mais na agricultura, construção civil e serviços.



Diferenças à vista



As diferenças na cor da pele de dois indivíduos de "raças" diferentes consistem apenas na maior ou menor concentração de melanina. Trata-se de um pigmento castanho-negro que se encontra na pele de todos os indivíduos. A cor da pele dos humanos varia em função da quantidade de melanina existente nas camadas profundas da pele e da sua disposição. Quanto mais melanina existir na pele de uma pessoa, mais escura esta será.

As variações de cor de pele se relacionam ao meio em que estão inseridas. Os povos que vivem em zonas mais quentes, como, por exemplo, a África, a Ásia do Sul e a Oceania, apresentam tons de pele muito mais escuros do que os povos que vivem mais afastados das regiões intertropicais, que têm a pele muito mais clara. A melanina serve para proteger a pele da radiação solar, muito mais forte nas zonas localizadas entre os trópicos. Assim, os humanos, uma única raça, têm diferentes cores de pele, mais clara uns, mais escura outros.

No entanto, o processo de conhecimento da humanidade desenvolve-se com deformações. O racismo é um fenômeno social amplamente difundido. No seu Ensaio sobre a Desigualdade das Raças Humanas, Arthur de Gobineau (1816-1882) considera que os brancos são os portadores de uma "aptidão civilizadora"; os negros integram "a variedade mais modesta que jaz no fundo da escala"; e os amarelos têm uma "tendência natural" para "a mediocridade". Ele considerava que a verdadeira civilização ocorreria nas nações européias somente enquanto os arianos fossem os dominantes. Esses pensamentos influíram Houston Stewart Chamberlain (1855-1927), um dos inspiradores do nazismo, que pretendia reconstruir, a partir dos germânicos, uma "raça nobre". Como outros tantos discriminadores, misturou raça e religião, condenando, em nome do cristianismo, os seguidores do judaísmo. "Mesmo que estivesse provado que nunca existiu uma raça ariana no passado, quereríamos que existisse uma no futuro: para os homens de ação, eis o ponto de vista do futuro", escreveu.

Comunistas, socialistas, judeus e negros eram alvo de Adolf Hitler e seus homens. A história dos negros que viviam na Alemanha na primeira metade do século passado é pouco conhecida. Imigrantes do Caribe, africanos, afro-americanos que haviam fugido da crise econômica nos EUA, diplomatas, imigrantes das colônias e marinheiros totalizavam cerca de 10 mil pessoas de cor negra residentes na Alemanha. Vários se casaram com alemães e alemãs e com eles tiveram filhos - os chamados Rheinlandbastarde (bastardos da Renânia). Muitos deles foram mais tarde esterilizados à força pelos nazistas. O que aconteceu com a maioria deles, de 1933 a 1945, é difícil de saber. Alguns conseguiram deixar o país. Outros foram enviados para os campos de concentração. Não poucos serviram de cobaias para pesquisas. Possivelmente milhares morreram. Em apenas 15 a 20 casos os historiadores encontraram provas de assassinato por nazistas.



Falta educação



Mas se a cor é mais "visível", outros fatores também são utilizados para discriminar. A pobreza é um deles - e poderoso! Dias atrás, foi divulgado o resultado do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2002. A nota média na prova de conhecimentos gerais foi de 34, numa escala que vai de zero a cem - a pior desde que o exame foi instituído, em 1998. Parte nada desprezível dos alunos (74%) está concluindo o ensino médio sem nem sequer compreender o que lê.

De quem é a responsabilidade? Para o ministro da Educação, Paulo Renato Souza, o péssimo resultado decorreu do aumento da participação no Enem de estudantes cujos pais têm baixas escolaridade e renda. Os pobres são os culpados! Discriminação explícita, partindo do homem que ainda é o responsável pela Educação no país.
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