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Cartas-->Para Vivi, quem quer que ela seja (reflexões usineiras 3) -- 02/09/2001 - 21:05 (José Pedro Antunes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Há tempos deixei de ler emelhos de procedência duvidosa. Vez que outra, arrisco um olho. Foi o que fiz, hoje, com esta "leitora". E valeu! Oh, como valeu a pena!

Nome: Vivi
Endereço: madrivi@uol.com.br
Texto (na íntegra):

Mensagem referente ao texto:
"A poesia que os meus dedos ainda querem" Crônicas.

E que palavra, sô!

Tu é um filha de uma puta,
que só escreve merda, cara!

Tua mãe te pariu ou te cagou?

Vai prum sanatório, maluco!

Vivi

__________________________________________________

[A minha resposta]

Prezada Vivi,

você também publica no usina ? "Vivi" é mesmo o teu nome? Ou seria uma corruptela? Infelizmente não tenho como localizá-lo em busca . Só encontro Vivianes. Gostaria imenso de ler os teus textos. E não há como conferir a procedência desse teu endereço, não é mesmo?

O teu e-mail chegou em muito boa hora.

São 20:28 h deste domingo.

Acabo de ver o Wando, aos prantos, no Domingão do Faustão (passei pela casa de um amigo, a televisão ligada).

Ele se lembrava da dificuldade que era estudar na sua época. Ele e os colegas, ali no palco, gente com aquela cara sofrida de quem veio lá de baixo. E o Wando dizia algo muito parecido com o que eu digo nesse meu texto "a poesia que os meus dedos ainda querem". Simples, porém limpinho.

O cantor dizia que as dificuldades os tornaram fortes, fazendo com que cada qual aprendesse muito da vida, do que viria por diante. Pungente! Também fiquei comovido, pensando no cantor, nas calcinhas que ele já atirou para suas macacas, na luta que teve de enfrentar para superar gente do porte de um Benito di Paula. Você não imagina o que é cantar "Ei, meu amigo Charlie!" numa aldeia da Turquia, e ser acompanhado, em turco, pelos mais de 300 circunstantes...

Pensei em tudo isso. Mas pensei em mim, pobre cronista usineiro, imaginando que a minha crônica não seria lida, como tantas outras. Afinal, com esse título! Por muito pouco ele não acabou caindo na rubrica eróticos . Ali, teria com certeza mais leitores. Mas eu não me perdoaria esse oportunismo, esse recurso tão baixo (mais uma vez!).

A secção crônicas não é das mais propícias para quem luta por um lugar entre os mais lidos, não é mesmo? Mas achei que era o momento para quebrarmos mais esta barreira. Decidi sacrificar-me, mais uma vez, por esse gênero literário em descrédito entre os usineiros . Aliás, o meu texto ficava, para atermo-nos às secções do site, no meio-fio entre poema e crônica . Mas, cá entre nós, muito reservadamente, eu te confesso, é um texto com forte tendência a coisa nenhuma.

E você sacou o lance. Você, leitora perspicaz, encontrou o ponto cego da minha criação. Alguém já me disse que vê no usina poderosas propriedades terapêuticas.

Que você me indique, a partir de uma crônica despretensiosa, o caminho do sanatório, não deixa de ser uma sugestão simpática. Justifico. Tantas vezes, tantos outros já me sugeriram: "Por que você não tenta a psicanálise?" E foram pessoas sérias, em editoras, na universidade, gente psicanalizada, com aquela pretensiosa arrogância de quem já foi bem fundo, enfrentou um divã e não cochila para empurrar o próximo para as mãos de um terapeuta muito meu amigo.

Devo confessar que, nesse âmbito, prefiro mil vezes a "psicanálise selvagem" que você pratica, ou "baixa psicanálise", como querem algumas pessoas no auditório do Ratinho.

Num sanatório, estamos mais próximos de uma abordagem social. O divã reduz os nossos males espirituais contemporâneos a mera instância privada. Um réles cronista, como eu, num sábado sem qualquer esperança, poderia estar comprando um adesivo de "louco louquinho" para o resto de sua vida, gastando os tubos para ficar deitado tagarelando.

No meu caso, com a educação católica recebida, e isso deve ter ficado patente nas entrelinhas da minha crônica, e talvez isso a tenha incomodado, sempre posso tornar a aderir ao confessionário, com todo o mistério das treliças. O sanatório, como você sugere com muita propriedade e argúcia, eu deixo para o momento em que já não haja mais nenhum floral de Bach que me acuda. Percebe que confessionário e sanatório apresentam, entre outras vantagens, uma certa tradição dentro da literatura, instituições venerandas e cercadas de fetiches, não é mesmo?

Bem, Vivi (não quero parecer íntimo, entenda-me; é que não tenho outra alternativa), acho que já me estendi demais sobre o teu amável e-mail, e a nossa relação se anuncia frutífera. Podemos deixar os outros itens para um momento seguinte, que por certo virá. De mais a mais, essas outras coisas que você menciona, abundam no site ultimamente. Não vejo porque tornar ainda a repeti-las. Nisso sou exigente. Não me perdoaria ficar ecoando palavras que já são de domínio alheio, a menos que descobrisse um modo de inoculá-las com o vírus da novidade. Ia dizer "com o sabor da novidade", mas achei que não era bem o caso (hehehehe).

Grato pela leitura da minha crônica e pela deferência da mensagem que gentilmente me fez chegar ao imo d alma.

Atenciosamente

zé pedro antunes
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