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Contos-->GÊNESIS -- 29/03/2008 - 09:58 (Francisco Leme Galvão) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
GÊNESIS

PRÓLOGO

Em 1994 pudemos assistir, inclusive pela Internet, ao choque do cometa Schoemaker-Levy contra a superfície de Júpiter, que deixou sobre a mesma, várias e "pequenas" (na realidade com diâmetros equivalentes ao da terra) manchas vermelhas. Este choque me trouxe a memória o livro "Worlds in Collision” do historiador russo Imanuel Wellikowsky que li pela primeira vez, na década de 60. Nele Wellikowsky tenta explicar que diversas catástrofes terrestres teriam sido causadas pela entrada no sistema solar do planeta Vênus, o qual embora seja hoje o planeta de maior visibilidade era, segundo demonstrado por ele, totalmente desconhecido pelos povos antigos, os quais o por outro lado fazem referências aos dois satélites de Marte: Deimos e Phobos!
Em que pesem os diversos absurdos e especulações nas áreas de astrofísica, geologia, etc., contidos no livro de Wellikowsky, pode-se pelo menos dar a ele crédito para suas afirmações no campo da história, sua especialidade, e para a comprovação das quais ele apresenta uma quantidade convincente de textos arcaicos (cuja autenticidade e tradução correta não tenho como julgar).
Por outro lado, observando a grande mancha vermelha existente em Júpiter, pode-se levantar a hipótese de esta ter sido o resultado de um choque de proporções bem maiores do que o provocado em 94 pelo cometa Schoemaker-Levy, e do qual teria resultado o nascimento do planeta Vênus, evento desde muito celebrado em prosa, versos, e pinturas.
Poderíamos também supor, como proposto por Wellikowsky, que o planeta Vênus foi posteriormente capturado em sua órbita atual, após haver perturbado e interagido com a Terra, e quase se chocado contra o planeta Marte cuja órbita teria sido na época bem mais próxima à da Terra.
Os astrônomos com quem conversei, embora considerem tais interações orbitais perfeitamente possíveis, acham contudo, que a sua posterior estabilização nas órbitas atuais poderia ter exigido milhões de anos. Como a solução teórica do problema gravitacional com mais de três corpos interagindo não tem uma solução algébrica fechada, a comprovação ou negação de tal hipótese somente poderia ser feita por simulações numéricas, que levassem em conta o efeito do sol e dos demais planetas, e que levariam um tempo descomunal mesmo se feitas em super computadores.
Assim, considerando as hipóteses discutidas acima e as descobertas científicas recentes relativas à genética e à astronomia, da ovelha "Dolly" aos oceanos desaparecidos de Marte, decidi escrever o conto de ficção científica: "Gênesis" que se segue.


"GÊNESIS”

O grande momento chegara finalmente para El’X. Nas próximas horas ele veria comprovado ou não, todo o intenso trabalho que viera desenvolvendo desde que, ele já nem se lembrava quando, lhe ocorrera propor aquele seu fantástico e apaixonante projeto.
Dentre todos os “Elohim” habitantes do planeta “Shamain”, somente alguém como ele poderia ter proposto um plano tão audacioso, pois seus conhecimentos científicos iam da engenharia genética e molecular à fisiologia e robótica, e já obtivera enormes sucessos na criação de novas espécies vegetais, animais e de robôs.
Esse seu previa nada mais nada menos, que a criação de seres semelhantes aos “Elohin” a partir dos mamíferos bípedes e de inteligência rudimentar, que dominavam a fauna de "Aretz", um planeta azul vizinho a “Shamain”, bem como todos os detalhes da construção de uma colônia paradisíaca sobre a superfície daquele planeta.
Após longas análises e debates, o seu projeto recebera finalmente a aprovação por parte do Conselho dos governantes de "Shamain”, que no entanto impuseram duas condições para a sua execução: Para que não viessem a se tornar iguais aos “Elohim”, os novos seres de “Aretz” deveriam ser criados desprovidos de vontade própria, obedientes, mortais, e conservar o modo arcaico de reprodução bisexuada, típico de toda a fauna daquele planeta,
Aprovado o plano, as naves com equipes de especialistas, supercomputadores e demais equipamentos começaram a chegar ao “Éden”, nome dado à nova colônia, na qual quase tudo necessário à vida dos "Elohim" e dos futuros "Eloinoides" tinha que ser levado de “Shamain”.
Seguira-se uma longa fase, que a El’X parecera interminável, de mapeamento e obtenção da estrutura molecular completa do código genético daqueles bípedes rudimentares, e da síntese a partir de material inorgânico, das longas moléculas de DNA a serem usadas para fecundar óvulos de suas fêmeas.
Nestas novas moléculas de DNA foram incorporadas todas as seqüências do código genético dos "Elohim", exceto como exigido pelo Conselho, aquelas relacionadas à consciência, e à vida imortal.
Finalmente de um dos óvulos assim fecundados, emergira de uma incubadora mecânica o tão esperado “bebê" protótipo, que durante todo o seu período posterior de crescimento, passou a ser objeto de infindos cuidados, e treinamentos intensivos. E o resultado final fora simplesmente maravilhoso.
Antes mesmo de atingir a sua fase adulta o novo bípede “heloinoide” era capaz de comportamentos complexos, comunicação verbal, e demonstrava possuir uma inteligência muitíssimo superior à dos demais membros de sua espécie. Não fosse pela sua aparência física, e de sua obediência sempre irrestrita às ordens de seus criadores, poder-se-ia mesmo dizer que era um autêntico "Elohim".
Até então, o sucesso fora completo, mas a exigência de uma reprodução sexuada trouxera a El’X e sua equipe dificuldades adicionais imprevistas, pois variações ínfimas no DNA seriam suficientes para causar a esterilidade dos descendentes do novo ser, sendo praticamente impossível, usando-se o mesmo processo de síntese empregado na criação do "protótipo, a obtenção de um ser do sexo oposto suficientemente semelhante para permitir a reprodução”. A clonagem do macho era o único método a ser seguido para se garantir a obtenção de uma fêmea totalmente compatível e a fertilidade da descendência do casal.
O “heloinóide” fora então levado de volta à sua câmara de crescimento acelerado, e nela posto a hibernar em sono profundo, tendo-se antes, sido dele retirada uma amostra óssea, da qual fora finalmente obtido um novo DNA praticamente idêntico ao original, e diferindo deste unicamente (pelo menos assim pensava El’X e seus colaboradores) quanto à definição do sexo.
Daí para frente, as etapas haviam se sucedido de modo repetitivo, e só quando o "protótipo" feminino chegou à mesma fase de desenvolvimento do masculino, foi este então despertado.
Chegara finalmente a tão esperada fase final dos testes, e a expectativa era enorme, não só da parte de um El’x, cada vez mais maravilhado com beleza e perfeição de suas criações, mas de todo os demais "Elohim" habitantes do “Éden”.
Já em "Shamaim", os demais "Elohim" mal tiveram tempo de tomar conhecimento dessas maravilhas. Um grande cometa acabara de colidir com “Jovéin”, o maior planeta do seu sistema planetário, provocando a ejeção de uma massa de enormes proporções, e deixando em sua superfície branca e nebulosa uma grande mancha vermelha de forma ovalada.
Simulações em computador para a órbita da massa ejetada, ou do recém nascido planeta, indicavam uma rota de quase colisão com "Shamaim"! Este, mesmo tendo uma massa bem superior, seria desviado de sua órbita até então vizinha à de "Aretz", para outra bem mais distante, enquanto que o planeta intruso seria capturado para uma órbita interna à de ambos.
Os cenários previstos para "Shamain” eram simplesmente aterrorizadores: Em meio a grandes maremotos e furacões, todos os vulcões entrariam em erupção, e finalmente toda a água de seus oceanos iria se evaporar ou ser ejetada para o espaço arrastada pela passagem ("pesach") muito próxima do novo corpo celeste. "Shamain" estava condenado a se transformar num planeta vermelho, árido, sem água, e sem vida. O futuro de "Aretz" também era incerto, sendo muito difícil de se prever todos os efeitos posteriores sobre ele e sobre os demais planetas do sistema.
Aos "Elohim" restava uma única saída: a migração em massa e imediata para um planeta semelhante a "Shamain", pertencente ao sistema de uma estrela relativamente próxima, e no qual já haviam estabelecido uma punjante colônia.
Uma nave é então imediatamente enviada para "Aretz" em busca de El’X e de sua equipe, e lá o encontram completamente aturdido com um outro fato que acabara de constatar, e que para ele era ainda muito mais terrível do que a própria catástrofe cósmica que lhe vinham anunciar!
O seu heloinóide feminino havia falhado em todos os testes de obediência ! ...
A sua cuidadosa manipulação genética havia sido alterada por um vírus criado e inoculado no óvulo feminino por El’Y, seu irmão gêmeo e colega de laboratório de El’X, e que sempre quisera sem sucesso igualá-lo em talento e conhecimentos.
O vírus, com a sua forma enrolada como a de uma serpente para assim melhor se ajustar às moléculas de DNA, fizera com que a manipulação feita para alterar o gene responsável pelo sexo, também alterasse o gene responsável pelas funções cerebrais de decisão! Como resultado, o protótipo fêmea não apenas desobedecia, como também era capaz de tomar decisões próprias! E o mais grave é que sendo este “defeito” uma característica genética dominante ele seria transmitido a todos os futuros descendentes do casal de protótipos !
As ordens recém chegadas do Conselho para El’X eram taxativas: Ele devia destruir imediatamente o “Éden” juntamente com seus “elohinóides” robôs, e retornar a “Shamain” para se juntar aos demais elohins, para a migração em massa que se iniciava! Não lhe sobravam nem tempo ou recursos para mais nada! Nem para a "fabricação" de uma nova fêmea, e menos ainda para transportar todo aquele aparato montado no "Éden"!
O projeto de seus sonhos, e ao qual dedicara até então grande parte de sua vida estava para ser extinto, ou no mínimo interrompido por um longuíssimo prazo, pois sendo eterno, embora não imortal, El’X talvez pudesse retomá-lo um dia, se sobrevivesse ao cataclismo iminente.
Foi então que, como que contagiado pelo defeito de suas criações, às quais ele passara a amar mais do que a si mesmo, El’X.... também ele, desobedece! Antes de partir, e de acionar o dispositivo de destruição da colônia, toma os seus dois novos seres e os encaminha para fora do "Éden", acompanhados por dois robôs mecânicos programados para impedir que tentassem retornar.
Que chances de vida ou de morte teriam eles na companhia de seus "primos" bípedes desprovidos de consciência, e em meio às florestas e às hordas de animais daquele planeta ameaçado e ameaçador? Apenas uma minúscula chance avalia El’x, mas... Quem sabe?
Um dia ele próprio, ou talvez um filho seu, voltariam para verificar...
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