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Cronicas-->Submarino e surrealismo -- 01/05/2005 - 21:04 (Luiz Panhoca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Submarino e surrealismo
Por: Luiz Panhoca

Escrevo sobre um fato que ocorreu tempos atrás, quando lemos, vimos, ouvimos e comentamos a tragédia do submarino Russo. Deixou um gosto amargo em nossas bocas, ficamos como que constrangidos e com sensação de impotência diante das imagens.
O trágico, o lamentável deste acontecimento foi, principalmente, a não divulgação e a demora no pedido de ajuda. Isto remete-nos, no mínimo, a uma dimensão surrealis ta dos acontecimentos. Na verdade é melhor falarmos sobre o Surrealismo do que do submarino.
O maior, segundo alguns, mas com certeza o mais polêmico dos surrealistas é Salvador Dali. Figurinista revolucionário, cujos desenhos e pinturas, quando contemplados, ficam gravados em nossas mentes, quase que estampados, inesquecíveis, tanto quanto estes fatos surrealistas que vivemos e tomamos conhecimento em nosso dia a dia.
Dali, artista desde os 7 anos, quando ganhou um estojo de pintura e, conforme suas próprias palavras, ".. se você brinca de gênio, você se torna um gênio". Foi também parceiro e amigo dos também geniais Garcia Lorca e Brunel.
Polêmico ao extremo, segundo o próprio Dali "... só os idiotas dizem a verdade, eu (Dali) sou muito inteligente, eu nunca conto a verdade." Seus biógrafos escrevem que, em todas as coisas as coisas duvidosas que ele dizia, havia um fundamento de verdade.
Criança, viveu em Cadaquez, onde descobriu, a beira do mediterràneo, um mundo diminuto e microscópico que o fascinou pelo resto da vida. Os destroços que o mar depositava na praia e os rochedos de Cadaquez, são repetidamente representados nos seus quadros e, sempre foram para ele uma lembrança constante, mesmo quando esteve nos EUA.
Em suas pinturas vê-se a paisagem recorrente da cidade de Cadaquez; lugar marcante onde as famosas formações rochosas, bengalas, formigas, seios voadores, a decomposição dos corpos, as sombras, ... sempre pintadas e repintadas. Tudo que era por ele produzido simbolizava as perturbações do artista; como crítica a religião; como uma profunda dúvida sobre sua sexualidade, como sua insatisfação com a arte, com o rompimento com seu autoritário pai, etc...
Um dos símbolos que aparecem em suas pinturas e que remete-nos à infància do artista são os gafanhotos. "Gafanhoto, aquela inseto asqueroso, um pesadelo horrível, a insensatez alucinante...." Dali tinha pavor de gafanhotos, ele tinha verdadeiro pavor deles.
Outro símbolo recorrente é a bengala, "... no centro do terraço minha bengala encharcada pela chuva, estava de pé, ligeiramente inclinada para a direita, projetando uma sombra alongada e sinistra nos azulejos iluminados por raios de sol vermelhos. Desde então, aquela bengala, anónima, tornou-se e continuará a ser para mim, até o fim de meus dias, um símbolo da morte e um símbolo de ressurreição." Ele associava a bengala à impotência e às coisas flácidas que necessitam de apoio. Quanto aos seios ele os adorava, assim como eu, e os pintava voando, aos pares, lindos, magníficos, os seios de sua amada.
Ana Maria Dali, sua irmã, cinco anos mais nova, foi seu modelo principal até meados dos anos 20. Foi um relacionamento quase incestuoso e ela sentiu-se tremendamente rejeitada quando Dali a substituiu por outras mulheres, tanto na arte como no afeto. Ela era apaixonada pelo irmão.
Lorca, que o visitou em 1925 e 27, foi seu amigo, frequentador da família e por ele foi pintado diversas vezes, o perfil de Lorca pode ser identificado em muitos quadros de Dali.
Aos 22 anos Dali, apaixonou-se por Gala, uma paixão infinita, um amor e uma devoção enorme, à primeira vista. Ela era uma mulher Russa, com um corpo fabuloso, que sabia tudo sobre sedução e sexo, "... ela foi a única mulher com quem fiz amor, devo a Gala tudo, mas, acima de tudo a convicção de que não sou tão medíocre como pensava. Ela soube imediatamente que eu era talentoso mas eu não sabia..." Gala, nunca falou em público sobre seu relacionamento com Dali. De tudo o que Dali fez, sua insensatez, sua polêmica, sua loucura, sua arte, sabemos que ele foi extremamente dedicado à sua paixão, maior que ele próprio, o amor que ele dedicou a Gala. Podemos afirmar que, na verdade, sem sua amada Gala, ele jamais teria sido Salvador Dali.
Outra grande experiência para Dali foi encontrar seu herói Freud, em Londres, no ano de 1938. Freud descreveu Dali como "...o protótipo mais típico de espanhol que já vi, ele é fanático."
Quanto às vidas perdidas naquele submarino, nas profundas montanhas, submersas no oceano, podemos pegar as palavras de Dali e escrever uma frase, mais ou menos assim: "Na impassividade mineral desta paisagem, eu projeto diariamente toda tensão acumulada e cronicamente insatisfeita, de minha vida erótica e sentimental. Somente eu, conhecia o itinerário das sombras que traçavam, uma rota angustiada, contornando o seio destas rochas"
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