Andando nas cidades,
Assistindo notícias nas viagens,
Tudo está um caos sem miragem...
Há crianças perdidas nas ruas,
Há assaltos seguidos de mortes,
Há moças em qualquer esquina...
Escritórios de um inferno,
Que a gente fingem não vê.
São homens desempregados,
São pessoas desesperadas,
São direitos nunca respeitados.
São políticos ex-comungados,
Ignorando os ignorados.
É toda uma ordem de fome;
É toda uma ordem de dor,
Sangue, suor e injustiças que a todo instante muda de lado,
Fazendo a gente agüentar calado para poder viver.
Andando na cidade...
Não precisamos ir muito além para sofrer...
Favelas cobrem os favelados,
Mendigos atrocidados,
Clamor de angustias misturadas a uma esperança absurda
De liberdade sem realmente ter.
Indiferentes a tudo,
A sociedade fecha a porta em muros e grades.
Veste-se de branco e
Procura a solução que melhor lhe convir.
Agoniza, mudando de religião sem crer.
Andando na cidade
O ser humano está longe de ser,
Então só há uma saída,
Para essas feridas vivas...
Não é o vício da bebida,
Não é o luxo das guaridas,
Nem a tecnologia do tempo,
Voltarmos humildemente a aprender a amar sem pretender.
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