Às vezes, pensamos que o que temos para fazer seja muito importante, mas, mesmo assim, refugamos e recuamos, qual besta teimosa a considerar muito pesada a carga e muito comprido o caminho. Puro engano, falsa interpretação dos fatos, pois o que nos pesa é sempre suportável e o caminho jamais poderá ser encurtado, uma vez que é o caminho que nos cabe percorrer, quer queiramos ou não.
É evidente que Jesus foi auxiliado por Simão, o cireneu, no carregamento da cruz, em sua via rumo ao Calvário. E quem poderá desmentir-nos se dissermos que são muitas as ajudas que todos recebem em sua caminhada rumo à própria redenção?! Melhor fariam se ajudassem, eles próprios, aos seus vizinhos na travessia penosa que todos estamos fadados a fazer se quisermos adquirir as benesses maiores do reino de Deus.
É do mais puro egoísmo satisfazer-se em deixar do lado da estrada a sua cruz, às vezes constituída até mesmo de madeira corroída pelos vermes, leve, que sem esforço seria carregada. Mas tal não ocorre com muitos que preferem ver passar os transeuntes cheios de esperanças, sorrindo para as desventuras pelas quais passam, com os corações voltados para o bem maior e não para o sacrifício do momento que visa somente a resgatar falhas anteriores, que são “imperdoáveis”, pois o nosso julgamento, sempre e sempre, é feito pela consciência acesa no fogo das virtudes cristãs.
Nada mais sórdido, portanto, que se espere ajuda, quando se deveria ajudar, que se aguardem luzes, quando se está iluminado. Só mais tarde é que poderemos perceber o quanto errados estávamos, mas aí será tarde demais para regredir ao ponto em que se deu o erro. Novos cometimentos nos aguardarão e teremos que enfrentá-los com galhardia, para superar as falhas anteriores. Fiquemos, desde já, atentos para isso e, imediatamente, busquemos, sem tardanças, sem procrastinações, realizar o nosso destino, sob o amparo, este sim, das luzes advindas do evangelho do Cristo, que, qual Simão, serão o nosso guia, a nossa escora e o nosso arrebatamento, na nossa “via crucis”.
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