Entre a orla e o lascivo reflexo
Que rasga a areia
Vejo dois olhos reluzentes,
Ouço um coração que pulsa
E não sabe que alguém o compreende,
Sinto uma menina num corpo de mulher
Que fala ao sorrir
E verseja ao falar.
Deus!
Não encontro as palavras
Por entre vazios
À volta de meu corpo.
Vê-la.
Tê-la.
II
Conheço o real absurdo
De crer no impossível
-- Abstrato –
E caminhar
Num universo,
Num mundo inverso
Onde somos
Adolescentes
Perdidos
No cerne
Do sublime ato,
No fremir inconstante da carne
Neste pulsar cálido...
Imbuídos num magma incerto
Repleto
De ausências
Que consomem
Nossas formas
Na incompleta parte
Que carregamos
Uma vez distantes.
Já não somos apenas amantes.;
Já não somos apenas amor ou paixão...
III
A dependência atou nossos corpos,
A carência eternizou a necessidade de nossa presença,
A falta incendiou nosso querer
E completou as nossas vidas
No mesmo instante que
Completamo-nos num só viver.