UM VAGO SOM NA SURDINA
Paulo Nunes Batista
E se Deus inventasse outros deuses,
Como seriam esses tais?
Jóquei tudo ou nada
Como ninguém menos que Deus.
Foi de lascar
Naturalmente, lasquei-me
Um saxofone sofrido na solidão da madrugada.
Nem sei porque estou chorando
Um pedaço de mim sai soluçando na noite
Com pena de mim, a hora foi ficando humilde e virou lágrima
E uma nota de música, coitadinha,
Saiu se escorregando e ficou
Como risco n’água engolindo o choro
Ah, meu Deus, que vontade de inexistir
Ou ser silêncio, solidão e sombra.
Anápolis, 13. 7. 2006
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