OLHOS AFLITOS
Olhos aflitos, agarrados as luzes da cidade,
caminhando noite afora, solidão total; foi assim que passei pela primeira noite em que ti perdi.
O mundo desabava sobre minha cabeça, o vento soprava muito forte e frio, fumava desesperadamente e as fumaças das angustias se perdiam noite adentro.
Atordoado pela perda, não conseguia me concentrar pois lágrimas lavavam meu rosto preparando um novo caminho, uma nova vida.
E caminhando noite afora sem rumo e sem direção, alguns pensamentos chegavam em minha mente sussurrando que eu precisa viver, e resistir; que os seres humanos são assim: cheios de surpresas e de mudanças e, que naquele momento era preciso reerguer-me para não morrer para à vida, pois ainda me restava o sopro sagrado: a minha respiração. A vida continuava ainda em mim.
Foi assim que resisti: caminhando, chorando, reerguendo-me, pois estava vivo.
Dei passos que não estavam ao meu alcance, mas foi preciso para continuar vivendo.
E hoje, não mais de olhos aflitos, lembro de você, com os mais belos sorrisos que te ofertei e que também recebi, invocando as leis da natureza para que sejas feliz, pois o fato de te perder não é razão para desejares o contrário.
Vivo com esperança de um dia amar outra vez e ser feliz, pois não tenho medo de tentar outra vez...
Digo-vos: os medrosos não são úteis à vida! O medo impede o ser humano de provar do melhor da vida e fada o homem a viver apenas uma face da vida: a solidão.
Falo-te que estou vivo e que não morri; porque para eu morrer era preciso que o meu mundo se acabasse, e não acabou...
O que acabou foi apenas a sua existência para mim.
E de tudo isso que aconteceu, oferto-te este agradecimento: obrigado por ter me ensinado a criar as minhas fortalezas, porque sem elas eu não teria sobrevivido.
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