É absolutamente imperioso à democracia que queremos construir no Brasil, a verdadeira democracia pensada nos moldes da antigüidade clássica em sua essência, com apenas uma diferença fundamental, a que prevê a participação de todo e qualquer cidadão no processo democrático independentemente de sua classe social de forma consciente, que tenhamos plena liberdade na escolha de nossos dirigentes, quando assim nosso julgamento do que é melhor para os destinos do país indicar.
As eleições deram vitória a Lula. Aceitem o fato todos os que até então babavam enfurecidos ante essa possibilidade.
E aos que, como eu, votaram em Lula, é prudente não permitir seja a esperança o único ingrediente da defesa intransigente desse novo momento histórico. É que seja a consciência de que os projetos humanos são falíveis, posto que não podem alterar num passe de mágicas tantas circunstâncias que conspiram contra os sonhos, o ponto de equilíbrio entre a confiança e o bom senso.
Não sejamos insensatos como muitos que apenas repetem suas ladainhas ressentidas contra um partido político que chegou ao poder, e nada mais sabem fazer senão tecer críticas ácidas, às vezes tão ingênuas quanto estúpidas, a Lula e ao PT; não sejamos, por outro lado, tão ingênuos ou estúpidos a ponto de não admitirmos que nossas expectativas quanto ao que de fato podem Lula e o PT realizar de transformações sociais no Brasil correm imensos riscos de se frustrarem, levando-nos à decepção de tantas vezes já experimentada, quando aquilo que queríamos ver concretizado, realizado, executado, pulverizou-se em meio às vicissitudes dos interesses particulares dos donos do poder, seja ele político ou econômico.
Por ora, e esperança continua prevalecendo ao medo...
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