Foram-se, como se nunca tivessem acontecido, as coisas de mim.
Aquelas de que tenho lembrança, embaçada por uma cortina de névoa,
ou mesmo as que me surgem na mente como um filme em que me assisto.
Foram-se.
Observadora de mim, já não sei se realmente participei das cenas ou se as criei.
Destacada de mim, não tenho morada ou lugar.
Foram-se.
Os laços, os fatos, os tormentos e paixões.
Foram-se.
Os braços que enlaçavam, os rostos que sorriam, os olhos que importavam.
Foram-se.
O som da alegria tilintando no ar, ou o da tristeza estremecendo o chão.
Foram-se.
O incentivo, as novidades, a esperança e o sentimento.
Foram-se.
A realidade, as cores e os movimentos de dança.
Resta um corpo etéreo a flutuar no ar.
Massa solta, sem abrigo ou piso,
um eu sombra tênue, a vagar sem raiz.
Tita.
21/11/2007
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